Somos inseridos dentro de uma sociedade relativamente cristã, nascemos talvez em um berço católico, não é difícil para nós saber alguma oração de memória ou recitar algum mandamento da Lei de Deus. Mas mesmo vivendo neste ambiente de graça, neste ambiente abençoado e privilegiado da presença de Deus, podemos nos distrair, estarmos anestesiados e dormentes a ponto de não sentirmos amados por Deus, a ponto de querermos os prazeres e as alegrias mundanas, a ponto de resumirmos o cristianismo e o nosso catolicismo como uma religião pesada, pessimista, autoritária, enfadonha e sem graça.
No Evangelho deste domingo o Senhor contrasta a fidelidade dos sacerdotes e anciãos do povo com a conversão dos publicanos e prostitutas e ainda diz que estes os irão preceder no Reino de Deus. Jesus não canoniza ou santifica a prática das prostitutas e publicanos, apenas ressalta o valor de uma profunda e sincera conversão de coração. Uma conversão incompreensível aos outros e sábios deste mundo, egoístas e prepotentes, arrogantes em sua religião, orgulhosos de sua espiritualidade. Assim como aqueles sacerdotes e anciãos do povo, somos nós…estamos rodeados de uma vida espiritual, vivemos a vida sacramental, temos a facilidade de sermos perdoados, de encontrarmos com Jesus na Eucaristia… mas mesmo assim não temos o coração voltado para o Senhor. Estar na Igreja, mas não ser Igreja. Se dizer cristão, mas não se comportar como cristão. Ser católico, mas não viver como católico.
Vivemos na graça, mas distraídos com as fofocas, as picuinhas pastorais, o sacerdote enjoado da paróquia, esquecemos que o convite à conversão não é apenas para os publicanos e prostitutas, não se reduz a uma atitude do passado, mas se torna presente, é algo diário, necessitamos nos converter diariamente. É uma exigência e um chamado no coração de cada cristão, de cada católico que sai de sua casa e vai até à Igreja, a conversão é uma resposta de fé à graça que recebemos, a conversão é a mais sincera atitude de gratidão que podemos ter para com Deus, é a mais digna e elevada expressão de amor.
No calor das grandes batalhas que se revelam os grandes soldados! São nestes tempos tão frios e isolados de pós pandemia, onde nos acostumamos a não ir à Igreja e nem a participar de suas pastorais, que grita à nossa consciência o chamado à conversão… Precisamos nos converter! Voltar ao Senhor!
Nós somos os publicanos que dão tanto valor no dinheiro através do consumismo e materialismo, nós somos as prostitutas que colocam o sexo no centro da vida através de um hedonismo e sexualidade desregrada… mas precisamos mudar se queremos a precedência no Reino dos céus. A conversão não é para o outro, conversão é para nós, é para mim! Não podemos nos distrair, não podemos nos acostumar com a graça, mas temos que dar uma verdadeira e digna resposta por meio de uma sincera, diária e real conversão do nosso coração.
Pe. Carlito Bernardes Oliveira Júnior Diocese de Anápolis