Diocese de Anápolis

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Reflexão do 30º domingo do tempo comum: “Integridade”

 

Integridade

Uma das características próprias do amor é a exigência de uma integridade total, uma doação absoluta, uma entrega sem reservas. A radicalidade do amor exige a integridade pessoal no compromisso fiel e absoluto de viver até as últimas consequências segundo o amor professado. Amar é não ver as horas passando, os amantes transcendem o tempo; amar é não enxergar a multidão que rodeia, os amantes apenas têm olhos para si mesmos; amar é não ouvir os ruídos das gritarias e problemas, os amantes se deleitam na voz do amado; amar é dar a chave do nosso coração à pessoa amada dando a ela a liberdade de entrar no mais profundo do nosso ser e dos nossos sentimentos, é unir as nossas almas numa mesma sincronia e entonação, é se especializar, estudar, conhecer, com todo o nosso entendimento a pessoa amada, porque o amor exige a integridade do nosso ser e não a parcialidade do nosso viver.

O maior de todos os mandamentos é proclamado por Jesus Cristo. Como um bom judeu, conhecia as Escrituras e professava o amor a Deus citando quase literalmente o livro de Deuteronômio no capítulo 6, versículo 4, onde apresenta algumas características de como deve ser esse amor a Deus: “…de todo o coração, com toda a alma e todo o entendimento”. Essas características manifestam a integridade de todo o ser humano e demonstram que o amor a Deus deve ser total e absoluto, deve permear a vida de todo homem, estar presente nos segredos mais ocultos de cada coração, no respirar e no agir, em cada ação e em cada pensamento. O verdadeiro amor a Deus não deixa brechas para uma opção alheia, uma escapatória de infidelidades, momentos de paganismos, “tempinhos” de prazeres e de esquecimentos de Deus… Não se pode proclamar que ama a Deus na Missa e não renunciar a vida de pecado; não se pode dizer que ama a Deus nas orações e ainda continuar ofendendo ao próximo; não se pode pedir o perdão e não estar disposto a dar o perdão; não se pode falar que ama a Deus e viver como se não o conhecesse. Se escuta tantas vezes que a religião não deve interferir na política, no futebol ou no progresso científico, se deve calar e resumir seu discurso apenas em pregar o amor de Deus… Uma total infâmia que demonstra uma abismal ignorância, se a religião não permeia a totalidade do ser humano, se o amor a Deus não nos faz julgar nossa realidade segundo o amor proclamado, se não condicionamos nossa vida em vista do bem que amamos, então na verdade não amamos. Um amor que jura parcialidades não é digno de ser amado, um amor que coloca limites e se restringe a tempos e momentos não é verdadeiro é fajuto e mentiroso. Somente a entrega total e integral confessa a veracidade de um amor.

Deus não busca migalhas, Ele não pede esmolas, é ciumento, quer todo o nosso ser, quer a integridade do nosso agir e do nosso falar, do nosso pensar e do nosso sentir. Ele é digno do verdadeiro amor, da mais absoluta entrega e a mais abnegada renúncia. De tal forma que “Apaixonar-se por Deus é o maior de todos os romances; procurá-Lo, a maior das aventuras; encontrá-Lo, a maior de todas as realizações” (Santo Agostinho).

Pe. Carlito Bernardes Júnior
Capelania Universitária Santa Clara
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