No decorrer da nossa vida espiritual de diversas formas e em diversos momentos somos tentados, a opressão do mal nos sobrepuja em nossas lutas em viver o desígnio divino de santidade e quanto mais desejamos o céu, mais sentimos o peso das tentações. De fato, Jesus começa a sua vida pública pelo deserto e na oração é tentado, experimenta a insistência do maligno e responde com a sabedoria das Escrituras. O tempo da quaresma começa trazendo à tona essa realidade: quanto mais buscamos a Deus, quanto mais nos emendamos pedindo perdão ao Senhor, mais nos depararemos com os ventos contrários das tentações.
Na oração do Pai Nosso, o penúltimo pedido, faz referência às tentações: “…não nos deixeis cair em tentação…”. Ora, a onipotência divina não encontra barreiras ou obstáculos em extirpar completamente as tentações da nossa vida, porque não pedimos ao Senhor que nos livre das tentações como pedimos que nos livre do mal? Existe por detrás das tentações um efeito benéfico que é necessário cultivar. Por meio das tentações expressamos o nosso verdadeiro desejo de buscar a Deus, demonstramos o nosso amor a Ele e no cadinho da provação reforçamos a nossa vontade em querer aquilo que Deus quer para nós.
As tentações não são más em si mesmas, mas é a forma com que as tratamos que as transformamos em pecado ou em graça que robustece a nossa vontade no seguimento a Deus. Por isso não pedimos a Deus que nos tire as tentações, mas apenas que não nos deixe sermos levados por elas, pois Deus não tira tentações, mas nos dá a força para superá-las e vencê-las. É se é verdade que no calor das batalhas que se forjam os melhores soldados, também é verdade que no calor das nossas batalhas interiores, na luta contra as tentações que vai pouco a pouco sendo forjado o santo. Mais que reclamar e culpar, devemos agradecer as tentações que Deus nos permite, pois através delas podemos dizer “eu te amo” a Deus, por elas podemos plasmar de forma patente aquilo que rezamos, com elas crescemos na santidade e fortalecemos o nosso espírito. Assim como nas tentações de Jesus Cristo se revela a sua identidade divina, também nas nossas tentações diárias se revela a sinceridade da nossa oração, a verdade do nosso amor a Deus e o nosso compromisso de sermos verdadeiros católicos.
No Evangelho Jesus vence as tentações com a oração. Não existe melhor forma de vencermos as tentações do que transformá-las em oração, em momentos onde o nosso coração se eleva a Deus e n’Ele encontramos a força necessária para superarmos as tentações. Neste tempo de quaresma é tempo oportuno de nos aproximarmos deve Deus com a certeza de que seremos tentados, mas com a convicção de que com Deus tudo podemos, Que as nossas tentações não revelem a nossa fraqueza e miséria, mas que nelas expressem o nosso verdadeiro desejo de conversão.
Pe. Carlito Bernardes Júnior
Paróquia Nossa Senhora da Penha de França –
Corumbá-GO