Diocese de Anápolis

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“Que Mulher”, padre João Paulo comenta liturgia do 4º domingo do advento

 

“Que mulher”

É costume antigo da Igreja dedicar o quarto domingo deste tempo do Advento, que nos prepara para o Nascimento do Salvador, à Virgem Maria. Estamos no nono mês desta santa gestação. Há nove meses o Verbo já se fez carne e está entre nós, mas escondido numa presença divina e silenciosa. Natal é só a manifestação d’Aquele que já estava presente todo esse tempo no seio de uma mulher. E que mulher!

Na ladainha de Nossa Senhora, a certa altura, a invocamos como “Arca da Aliança”. Sabemos que, no Antigo Testamento, esta arca significava a presença de Deus no meio de seu Povo e que ela continha: as tábuas dos dez mandamentos, escritos pelo dedo de Deus e entregues a Moisés sobre o Monte Sinai; a vara do sacerdote Aarão, com a qual Moisés dividiu o Mar Vermelho em duas partes e, por fim, uma porção do maná, o pão descido do céu para o povo faminto no deserto.

Sendo assim, com muito mais razão, Maria pode ser chamada de Arca da Aliança, pois levou em seu seio não só as tábuas da lei, mas o próprio Autor da Lei; não só o poderoso báculo de um sacerdote, mas o próprio Sumo e Eterno Sacerdote, autor e modelo de todo real sacerdócio; não só uma amostra de um pão vindo do céu do qual os que comiam ainda experimentavam a morte no fim da vida, mas o verdadeiro Pão do Céu, a suavíssima Carne e o preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos quais quem come possui a vida eterna.

Diante da grandeza desse mistério, entendemos a atitude de São José que, segundo a tradição da Igreja, não só se afastou e deixou Maria para não denunciá-la, mas principalmente porque via que o que estava acontecendo era grande demais para que ele pudesse tomar parte; foi por não se achar digno (apesar de ser um homem justo e santo) e por respeito e veneração que ele também se afastou até que recebeu do próprio Deus, através do anjo em sonho, a missão de tomar Maria por esposa e de ser ele mesmo a dar ao Filho de Deus, que passava a ser também seu, o nome acima de todo nome: Jesus!

Espelhemo-nos em São José e tomemos conta desse grandiosíssimo mistério que já se faz presente e está ao nosso alcance. Voltemos todo afeto do nosso coração para Nossa Senhora nesses dias com nosso recolhimento e orações. Afinal, não existe melhor maneira de esperar a vinda do Filho que estar na constante e amorosa companhia da Mãe.

Pe. João Paulo Cardoso
Seminário Maior Diocesano
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