Hoje nos reunimos enquanto comunidade de fé para rezar pelos defuntos, “os que morreram na esperança da ressureição e de todos os que partiram desta vida”, “para que sejam introduzidos na glória com Cristo” e rezarmos também por nós, para que aprendamos a olhar para o mistério da morte e partir da fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Por meio do Igreja, seu Sacramento Visível, Ele adentra aos corações, como o fez no lar amigo de Marta e Maria, quando choravam pela morte de seu irmão Lazaro. O medo da morte e sua dor são consolados pela presença de Jesus, que é o Bom Cireneu da humanidade, especialmente nos momentos em que as cruzes são mais pesadas. Ele não nos deixa à mercê da própria sorte, pois é o Emanuel, Deus está verdadeiramente conosco! Ele está aqui! A morte, assim, não se dá pela ausência dele, mas agora com Ele.
O redentor assumiu em sua cruz, a morte, vencendo nela seu último inimigo. (1Cor 15,26). A sua Vida entregue é o remédio divino para o mal da morte. “Nele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição. E, aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola.
Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada.” O entardecer da Sexta Feira Santa nos prepara para o luminoso amanhecer da Ressurreição. Ouvimos da boca da própria Verdade e Eternidade: Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que crê em mim, não morrerá jamais” (Jo 11, 25-26).
Nosso Senhor escancara diante de nós o nosso destino, que não é em verdade a morte, mas sim a Vida, e Vida Eterna. Desse modo, não nos estranha quando São Francisco trata a morte de “irmā”, aquela que é parto para a eternidade feliz. Pela fé em Cristo, é para lá que caminhamos seguramente. Se nascemos com Cristo, jamais morreremos. Eis nossa fé e esperança.
Esta vida terrena, portanto, não é uma passageira ilusão, mas um peregrinar em direção à morada definitiva, o Céu. A cada Santa Missa, além de rezarmos pelos irmãos que já fizeram sua Páscoa, sua Passagem deste mundo, também à recordamos que nós estamos à espera da consumação do tempo de Deus (Enquanto esperamos a realização de vossas promessas, com os anjos e santos, cantamos a vossa glória.)
Que o Senhor nos dê a graça de sermos dóceis à Igreja, que é chamada a ser comunidade de lâmpadas acesas, se preparando dia após dia, para o encontro com o Senhor. Que a Mãe da Piedade console e transforme as dores dos que choram pela partida de seus entes queridos em esperança, e nos ajude a jamais perder de vista o que Deus reservou para nós, pois se “na companhia dele (Jesus) morreres sobre a cruz da tribulação, possuirás com ele as celestes moradas […], a glória do reino celestial, ao invés das honras terrenas tão caducas; participarás dos bens eternos, ao invés dos bens perecíveis, e viverás por todos os séculos” (Santa Clara de Assis).
Fr. Túlio de Oliveira Freitas, OFM
Paróquia Sant’Ana