“Que a justiça e a paz fluam” é o tema do Tempo da Criação 2023, realizado todos os anos de 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, a 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis. Todos os cristãos do mundo são convidados a orar e cuidar da criação durante esse período. A data foi proclamada pela Igreja Ortodoxa Oriental em 1989. Posteriormente, foi acolhida por outras igrejas cristãs europeias, e em 2015, pelo Papa Francisco para a Igreja Católica Romana.
Trata-se de um período oportuno para iniciativas ecumênicas e inter-religiosas, reforçando as propostas do Papa Francisco na carta encíclica Fratelli Tutti. A cada ano, o comitê diretor propõe um tema, e para 2023 é “Que a Justiça e a Paz fluam”, com símbolo “Um Poderoso Rio”, inspirado na profecia de Amós. O profeta Amós clama: “Que jorre a equidade como uma fonte e a justiça como torrente que não seca!” (Amós 5, 24).
Assim, somos convidados a nos unirmos para promoção da justiça climática e ecológica e para o diálogo com e pelas comunidades mais afetadas pela injustiça climática e perda da biodiversidade, assim ‘como os afluentes se unem para formar um poderoso rio’. Em sua mensagem para este dia, Papa Francisco propõe três passos para que “como Igrejas cristãs, possamos contribuir com nossa casa comum”. Segundo o pontífice, “devemos decidir-nos a transformar os nossos corações, os nossos estilos de vida e as políticas públicas que regem a nossa sociedade”, para que isso ocorra.
Em primeiro lugar o Papa solicita que contribuamos para este rio caudaloso transformando os nossos corações. “Isto é essencial, se se quer começar qualquer outra transformação. É a ‘conversão ecológica’ que São João Paulo II nos exortava a realizar: a renovação do nosso relacionamento com a criação, de modo que já não a consideremos como objeto a explorar, mas, ao contrário, guardemo-la como um sacro dom do Criador. Consciencializemo-nos de que uma abordagem global requer que se pratique o respeito ecológico nas quatro vertentes: para com Deus, para com os nossos semelhantes de hoje e de amanhã, para com toda a natureza e para com nós próprios”.
Em segundo lugar, o apelo é para que contribuamos para o fluxo deste rio caudaloso, transformando os nossos estilos de vida. “Partindo duma grata admiração do Criador e da criação. Com a ajuda da graça de Deus, adotemos estilos de vida com menor desperdício e menos consumos inúteis, sobretudo onde os processos de produção são tóxicos e insustentáveis. Procuremos estar o mais possível atentos aos nossos hábitos e opções econômicas, para que todos possam estar melhor: os nossos semelhantes, onde quer que se encontrem, e também os filhos dos nossos filhos. Colaboremos para esta criação contínua de Deus através de opções positivas: fazendo o uso mais moderado possível dos recursos”.
Por fim, ele diz que para que o rio caudaloso continue a jorrar, devemos transformar as políticas públicas que regem as nossas sociedades e moldam a vida dos jovens de hoje e de amanhã. “Levantemos a voz para deter esta injustiça para com os pobres e os nossos filhos, que sofrerão os impactos piores da mudança climática”. O Papa também afirma que ao cuidarmos do nosso meio ambiente, estamos, na verdade, cuidando da criação de Deus, “apelo a todas as pessoas de boa vontade para agirem de acordo com estas orientações acerca da sociedade e da natureza”, pede.
As ações individuais durante o Tempo da Criação são importantes. Celebrar a criação, participar de limpezas e plantar árvores são algumas coisas que podemos realizar. “À semelhança duma bacia hidrográfica com os seus numerosos afluentes grandes e pequenos, a Igreja é uma comunhão de inumeráveis Igrejas locais, comunidades religiosas e associações que se alimentam da mesma água. Cada fonte acrescenta a sua contribuição única e insubstituível, até confluírem todas no vasto oceano do amor misericordioso de Deus. Como um rio é fonte de vida para o ambiente que o rodeia, assim a nossa Igreja sinodal deve ser fonte de vida para a casa comum e quantos nela habitam. E como um rio dá vida a todo o tipo de espécies animal e vegetal, assim uma Igreja sinodal deve dar vida semeando justiça e paz em cada lugar que atinge”, finaliza.
Portanto, o pedido é que trabalhemos e rezemos para que a nossa casa comum seja novamente repleta de vida. “Que o Espírito Santo continue a pairar sobre as águas e nos guie para renovar a face da Terra”.
*Com informações do Laudato Si Movement.