Solenidade de Corpus Christi: “Caça ao tesouro”
As grandes aventuras sempre relatam intrigantes histórias de tesouros escondidos, as peripécias da trama, as dificuldades da busca, os sofrimentos nas batalhas, a perseverança e a constância suscitadas pelo intenso desejo de encontrar o tesouro. Na nossa Igreja existe um grandioso tesouro mais importante que os majestosos templos, mais valioso que qualquer obra de arte, mais reluzente que os cálices de ouro. Um tesouro escondido aos olhos soberbos, gananciosos, materialistas, cheios de complicações que gostam de filtrar tudo com sua parca e limitada razão. Um tesouro revelado aos pequeninos, aos humildes e simples de coração, àqueles que creem mesmo sem terem visto, acreditam nas palavras do mestre porque Ele tem palavras de vida eterna (cfr. Jn 6,68). A vida cristã se transforma numa intensa aventura, cheias de tramas, de batalhas, sofrimentos e perseverança em busca deste maravilhoso tesouro. A caça deste tesouro tão singular e essencial para a vida cristã se torna mais que uma brincadeira de criança, nela resume todo um projeto de salvação e nela repousa todo deleite humano.
A festa de hoje quer ressaltar a preeminência, a primazia, o centro, a dignidade e a importância desse verdadeiro tesouro na Igreja. Quer fazer com que todos os olhos contemplem a grandiosidade do tesouro, que os espantos brotem da boca de cada fiel em forma de uma prece, um louvor, uma oração e que cada coração reconheça a rocha firme da fé eucarística na qual se baseia toda vida cristã e que é o suporte de toda a nossa doutrina católica. “Corpus Christi”, o Corpo de Cristo, o tesouro escondido atrás da candura da hóstia, oculto baixo as espécies do pão e do vinho, Nele se contém todo deleite humano, a riqueza que nenhuma traça corrói, a grandeza invisível aos olhos humanos, a prenda da glória futura, a salvação condensada em algo tão pequeno e que se faz tão acessível a todos seres humanos, a presença de Deus que transforma a Igreja no céu aqui na terra. A Eucaristia é o verdadeiro tesouro da Igreja Católica, podem destruir templos, roubar obras de artes, confiscar os cálices e etc, mas nunca conseguirão tirar o que tem de mais sagrado e valioso na nossa Igreja que é Jesus, verdadeiramente presente na Eucaristia em corpo e alma, sangue e divindade. Possuir este maravilhoso e grandioso tesouro é a principal tarefa e fundamental aventura de cada católico. Uma grandiosa aventura que nos faz levantarmos da nossa preguiça, renunciar ao nosso comodismo, vencer os obstáculos das distrações, ver além das aparecias do sacerdote, olhar além do pão e fazer com que cada adoração, cada Santa Missa seja um encontro pessoal, íntimo e transformador com o mesmo Jesus de dois mil anos atrás.
É incompreensível que um católico não faça adoração ao Santíssimo Sacramento, é ilógico que um batizado não goste da missa, é totalmente absurdo ignorar o maior e mais valioso tesouro da Igreja Católica. É necessário enamorarmos da Eucaristia, apaixonarmos por Jesus Eucarístico, a ponto do coração palpitar com o compromisso das adorações semanais, a respiração se tornar ofegante só em pensar na Santa Missa dominical, em receber a Jesus, as mãos estremecerem só em tomar consciência de seu imenso amor que é capaz da loucura eucarística apenas para estar conosco. A este tesouro, não basta saber, conhecer, temos que conquistá-lo, buscá-lo com empenho, dedicação, esforço, carinho, devoção e emoção na certeza de que nessa grandiosa aventura de amor, conquistar o tesouro é alcançar o essencial.
