“E ficavam admirados com as palavras cheias de encanto que saiam da sua boca”, ouvimos no evangelho de hoje. Quem sabe esse não é o primeiro passo da maioria das pessoas em direção a Deus, ficam encantadas com alguma graça e, por isso, decidem segui-lo mais de perto. Procuremos ver sempre essa beleza na ação de Deus (ou na aparente ausência dela) em nossas vidas.
Contudo, apesar de encantados, aqueles que ouviram Jesus tiveram dificuldade em aceitar o que ele dizia, afinal, aquele que estava falando era só o “filho do carpinteiro” (título do qual Nosso Senhor com certeza se orgulhava), era apenas um deles. Talvez até tenham pensado: “Se nós não somos tão encantadores, por que ele é?” Às vezes é a própria descrença em nós mesmos ou baixa autoestima que não nos permite ver o melhor nas pessoas que convivem conosco, principalmente nossos familiares; outras vezes, é só ciúmes e inveja mesmo.
Jesus adverte aquele povo com exemplos do Antigo Testamento onde as pessoas que não eram do povo de Deus é que foram agraciados pelos profetas que Deus mandou para seu povo. Isso serve para nós como aviso. Será que não estamos fechando os olhos e ouvidos do coração pelo orgulho, ignorando que Deus tem usado dos nossos parentes, da nossa comunidade, das pessoas do nosso trabalho para falar conosco de uma ou de outra forma? Dizia Santo Agostinho: “Tenho medo do Deus que passa e não volta!”
Deus nos livre de, pelo orgulho, perdermos a chance de nos encantarmos com o que Ele pode fazer em nossas vidas através dos nossos mais próximos e através de nós na vida deles. Deus age em nós, através de nós, apesar de nós, mas nunca sem nós e nossos irmãos. Por isso, existem milagres que só vêm pelo santo de casa!