Diocese de Anápolis

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Pergunta “Tramontina”

Existem perguntas cruciais o que nos fazem refletir, pensar e agir, perguntas que não se respondem com simples palavras, mas exige uma atitude, uma escolha e uma renúncia. Durante nossa vida nos deparamos com essas perguntas cuja resposta não está em palavras decoradas ou definições prolongadas, mas na vivência real e verdadeira de uma doutrina que guia toda uma vida.

No Evangelho Jesus pergunta: “Quem diz o povo que eu sou?”, mais que uma pergunta onde Jesus se preocupa com a opinião pública, é uma pergunta onde tenta nortear a vida de seus discípulos por meio de suas respostas. Parece fácil a resposta, está na “ponta da língua”, mas a esta pergunta não se responde com palavras, mas com ações, atitudes e escolhas, e dependendo da forma em que vivemos o nosso cristianismo respondemos a essa pergunta. Uma pergunta “Tramontina”, cortante, rápida e certeira que chega no mais íntimo do locutor e lhe confronta com a realidade da fé professada.

A profundidade da pergunta exige uma reflexão pessoal, um exame de consciência que apura nosso seguimento a Jesus Cristo. A pergunta evangélica não busca apenas confessar uma identidade de Jesus como Cristo, mas também questionar a fé daqueles homens que o seguiam e o seu compromisso segundo a fé que professavam. Essa mesma pergunta transcende o tempo e por meio da liturgia se atualiza na vida de cada cristão. Se realmente confessamos a Jesus como Cristo, Senhor da nossa vida, por que nossas atitudes ainda não expressam essa fé que professamos? Dizemos que temos fé em Deus, mas fazemos “corpo mole” para ir à Missa nos domingos. Confiamos em Deus, mas temos preguiça em rezar. Professamos o nosso amor a Jesus Cristo, mas poucas vezes Ihe adoramos na Eucaristia. Afirmamos acreditar em Jesus Eucarístico, mas não damos atenção a Ele fazendo-lhe uma visita indo à Igreja ou respeitando a Casa de Deus guardando o devido silêncio e reverência. A impactante e cortante pergunta “Tramontina”, “quem é Jesus para nós?”, revela a incoerência de uma fé que não se tornou vida, mostra a necessidade de uma verdadeira e sincera conversão.

Pergunta simples, resposta complexa, mas tão atual nos nossos tempos. Por mais que pareça simples a pergunta, ainda continuam sendo absurdas nossas respostas. Se a essa pergunta respondemos com atitudes, devemos então analisar como estamos vivendo o nosso cristianismo para saber se nossas respostas são absurdas e não deixar que o nosso cristianismo seja um absurdo, baseado numa incoerência entre ação e oração e fundamentado numa mentira na falta de correspondência entre fé e vida. Tão atual e real, ressoa nas paredes de nossos corações e ecoa nos abismos de nossas vidas essa cortante pergunta: “Quem é Jesus para nós?” Podemos colar de Pedro a resposta, mas não as palavras, senão as ações de um cristianismo verdadeiro, comprometido com o evangelho, entregado até as últimas consequências, baseado na caridade, adubado pela fraternidade e regado pela oração.

 

Pe. Carlito Bernardes Oliveira Júnior
Diocese de Anápolis
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