Ser sacerdote é muito mais do que aquilo que a razão humana pode alcançar… É ser tomado por Deus e inserido no coração de Cristo, onde graça e cruz se unem inseparavelmente. É um chamado a participar do mistério da salvação, um convite à entrega constante e ao serviço silencioso. Como pastor, o sacerdote toca o mais íntimo da alma humana, levando esperança onde há desespero, consolação onde há tristeza, e luz onde a escuridão parece prevalecer.
Participar do choro de quem sofre, da alegria de quem celebra, e da dor de quem carrega pesadas cruzes e assim tornar-se um reflexo vivo do Bom Pastor. Ser sacerdote é transitar entre o humano e o divino, sendo instrumento da misericórdia infinita de Deus. Não se trata apenas de celebrar a vida ou de estar presente nos momentos que envolvem a morte, mas de consagrar essas realidades ao mistério de Cristo, que é vida plena e vitória sobre a morte. Não é mérito humano, mas um dom que transborda dos méritos de Cristo, o Sumo, Verdadeiro e Eterno Sacerdote.
Ao sacerdote é dada a graça de tocar o viver humano com ternura e respeito, refletindo a escolha de Cristo, que o chamou antes mesmo de seus primeiros passos. Como afirmou Bento XVI:
“O sacerdote é aquele que, com a sua própria humanidade, deve estar próximo dos homens e, ao mesmo tempo, ser mediador que os põe em contato com Deus” (Encontro com os Padres Diocesanos de Aosta, 25 de julho de 2005).
E nessa proximidade, encontra-se o desafio do despojamento, da renúncia a si mesmo para que Cristo viva plenamente em cada gesto sacerdotal. Como bem expressa São João da Cruz:
“Onde não encontrares amor, semeia amor e colherás amor” (Carta 26).
Assim, o sacerdote é chamado a ser amor vivo e atuante no mundo, acolhendo as dores e alegrias das almas que lhe são confiadas, conduzindo-as, com paciência e confiança, ao encontro com o Senhor. É uma vocação que exige entrega total, mas que, ao mesmo tempo, nos preenche o coração com uma paz que o mundo não pode dar!
Pe. Eduardo Henrique da Costa @peeduardocosta