Diocese de Anápolis

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Parábola das dez virgens: “Quem ri por último ri melhor”

Sofremos o peso das renúncias, as consequências das nossas escolhas, as perseguições por causa da fé, as chacotas e brincadeiras, menosprezos e julgamentos… O mundo, cada vez mais paganizado, ri dos nossos costumes, brincam com nossas devoções, criticam nosso compromisso de fé e desvirtuam a verdade evangélica. Sentimos o cansaço de sermos cristãos nos dias atuais, a correnteza contraria que nos arrasta à deriva de um paganismo fantasiado de cristianismo light, cheio de facilidades, permissivo e pernicioso.

O consolo do cristão não está na contemplação da batalha presente, na lamuria do sofrimento ou na reclamação das dificuldades, ao contrário, a fé cristã dá a capacidade de olharmos além de um presente difícil, de vermos um futuro de glória, de enxergarmos a recompensa celestial. A esperança de uma eternidade feliz consola, anima e fortalece o cristão. A fé dá a certeza de que vale a pena arcar com as consequências das renúncias e enfrentar com alegria a coerência de uma vida cristã, pois não lutamos por ouro e prata, o que buscamos é a eternidade, o que queremos é a glória dos céus.

No Evangelho Jesus apresenta a parábola das dez virgens para expressar a realidade do Reino dos céus. A virgindade, no âmbito bíblico, vai além de uma questão sexual, é uma expressão de consagração, é resguardar-se em vista de algo maior, é preservar-se em prol de uma doação, é a totalidade do ser que se autodomina por causa de algo ou preza e se valoriza, que se reserva e alguém. As virgens do casamento carregam suas lâmpadas e vão ao encontro do noivo que chega, contudo, as imprevidentes não levaram óleo suficiente, ao contrário das previdentes que sofreram com o peso do óleo, souberam prever, enfrentaram o fardo de carregarem mais óleo em vista da vinda do noivo.

A capacidade de prever, de ver além do agora ressalta a especial condição daquelas virgens como consagradas, projetaram a vida em vista da vinda do noivo. A parábola apresentada por Jesus coloca em evidência a realidade do cristão que deve ser previdente, prudente, ver além, ter a capacidade de enxergar o que se reserva no céu como recompensa de uma vida de fé. O peso do óleo na nossa caminhada rumo ao encontro com o noivo não nos pode levar a querer viver no escuro, assim como a luz necessita da combustão do óleo, a conquista da glória do céu brota da queima de nós mesmos, nossa doação, entrega, renúncia e coerência.

A virtude da prudência nos faz ver além e se precaver no presente segundo o que se enxerga no futuro, a fé nos mostra o céu, e em vista da nossa conquista, lutamos no nosso presente. Assim como as virgens prudentes e previdentes, somos chamados a enfrentar o peso das contrariedades, a sofrermos as dores, das perseguições, a nadarmos contra correnteza de um mundo cada vez mais paganizado, seremos motivo de chacotas, nos desprezarão por causa da fé, rirão de nós e farão piadas da nossa doutrina… Mas a fé nos dá a certeza daquilo que buscamos, o peso do óleo que carregamos no caminho rumo ao noivo não nos deixa no escuro, caminhamos para o céu iluminados pela fé. Aqui podemos ser motivos de risos, críticas e brincadeiras, mas sabemos que nas curvas da vida e nas ironias dos destinos “quem ri por último, ri melhor”.

Pe. Carlito Bernardes de Oliveira Junior
Diocese de Anápolis

 

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