A catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, 13, foi dedicada ao casal Áquila e Priscila, prosseguindo o ciclo sobre os Atos dos Apóstolos. O Santo Padre retomou a narrativa bíblica tema da última catequese, que descrevia a chegada de Paulo a Atenas, e refletiu sobre a continuidade desta viagem.
Ao deixar a Grécia, Paulo se dirigiu a Corinto, e ali encontrou hospitalidade na casa de Áquila e Priscila, que, por serem judeus, foram obrigados a abandonar Roma por ordem do imperador Cláudio. O Papa fez um parêntese para recordar que o povo judeu sempre sofreu na história com expulsões e perseguições.
“No século passado vimos tantas brutalidades que foram cometidas e estávamos convencidos de que isso tinha acabado. (…) Mas hoje começa a renascer o hábito de persegui-los. Irmãos e irmãs, isso não é humano nem cristão. Os judeus são nossos irmãos e não devem ser perseguidos”, advertiu.
O gesto de acolhimento de Áquila e Priscila, afirmou Francisco, os leva a “descentralizar de si para praticarem a arte cristã da hospitalidade e abrir as portas de sua casa para acolher o apóstolo Paulo”. Deste modo, o casal acolhe não só o evangelizador, mas também o anúncio que ele leva consigo: o Evangelho de Cristo.
Com o casal, Paulo compartilha também a atividade profissional, isto é, a construção de tendas. “Assim acontece que na casa hospitaleira de Áquila e Priscila, onde se fabricam tendas, o Apóstolo inicia a projetar e plantar ‘tendas’ de Deus em meio aos coríntios, isto é, a Igreja de Corinto”, destacou o Pontífice.
Segundo o Santo Padre, Áquila e Priscila abrem as portas também para os irmãos e irmãs em Cristo, formando uma comunidade, uma “domus ecclesiae” para a escuta da Palavra de Deus e a celebração eucarística. “Também hoje em alguns países onde não existe liberdade religiosa, os cristãos se reúnem em uma casa, um pouco escondidos, para rezar e celebrar a eucaristia”, frisou.
Depois de um ano e meio na cidade, Paulo parte rumo a Éfeso com o casal, e também ali a sua morada se torna um local de catequese, revelou o Papa. Por fim, Áquila e Priscila fazem regresso a Roma e o apóstolo chega a fazer um agradecimento ao casal na Carta aos Romanos, afirmando que eles arriscaram as suas cabeças para salvar a sua vida. “Quantas famílias em tempo de perseguições arriscam suas cabeças para manter escondidos os perseguidos. Este é o primeiro exemplo”, sublinhou Francisco.
O Pontífice afirma que entre os inúmeros colaboradores de Paulo, Áquila e Priscila emergem como modelos de uma vida conjugal responsavelmente empenhada a serviço de toda a comunidade cristã e recordam que graças à fé e à evangelização de tantos leigos, o cristianismo chegou até os tempos atuais.
“O cristianismo foi pregado pelos leigos, são eles, em virtude do seu batismo, os responsáveis por levarem a fé”, garantiu Francisco. O Pontífice citou uma expressão de Bento XVI, que afirma que os leigos oferecem o “húmus” para o crescimento da fé.
Ao se dirigir especialmente aos recém-casados presentes na Audiência, o Santo Padre concluiu: “Peçamos ao Pai que efunda o seu Espírito sobre todos os casais cristãos para que, a exemplo de Áquila e Priscila, saibam abrir as portas de seus corações a Cristo e aos irmãos e transformem suas casas em igrejas domésticas. Bela palavra… Uma casa é uma igreja doméstica onde viver a comunhão e oferecer o culto da vida vivida com fé, esperança e caridade. (…) Devemos rezar a estes dois santos para que nos ensinem a ser como eles, uma igreja doméstica, onde haja o húmus para que cresça a fé”.
Fonte/foto: Canção Nova