A sabedoria dos espertos
“O mundo é dos espertos”, assim escutamos por aí quando alguém fura fila sem ninguém perceber, quando alguém tira vantagem no jogo de uma forma desonesta ou quando alguém passa o outro para trás em alguma tramitação financeira; e parece que nos orgulhamos dessas espertezas, como nos enche a boca para contar de nossas espertezas! Como nos incha o peito para falar de nossas vantagens e com sorrisos nos lábios manifestamos satisfação porque nos achamos espertos! Uma esperteza mentirosa que nos faz perder o céu e sermos dignos do inferno. Os verdadeiros espertos não são aqueles que ganham o mundo, mas aqueles que ganham o céu.
No evangelho Jesus utiliza três parábolas para o Reino dos céus como um verdadeiro tesouro deixando patente que é feliz aquele que utiliza de sua esperteza, vende tudo para comprar aquele terreno, para adquirir aquela pérola. A esperteza é a capacidade que devemos ter de utilizar da nossa inteligência para ganhar o céu, é fazer com que toda a nossa vida, atos e palavras, contribua para o nosso verdadeiro bem: amar a Deus (cfr. 2ª leitura), ganhar a vida eterna, pertencer ao seu Reino (cfr. Evangelho). Essa sabedoria espiritual que nos torna espertos, nos faz organizar nossa vida segundo nosso maior e mais sublime objetivo que deve ser sempre a nossa salvação. A vida é passageira, os bens se perdem, as futilidades caem, os prazeres se tornam rotina… guiar uma vida baseada na miséria dos prazeres mundanos é estar fadado à frustração de uma existência efémera e sem sentido. A sabedoria dos verdadeiros espertos nos faz ver além da matéria, enxergar o tesouro debaixo da terra no terreno, sentir a pérola dentro de uma concha, nos faz mudar a vida, transformar nossas prioridades, buscar uma verdadeira conversão. Vemos tantas pessoas planificando toda a sua vida para um sucesso financeiro, mas poucas pessoas que são capazes de projetar sua vida para alcançar a santidade, são espertos para fazerem amizades mundanas e tirar proveito de tais amizades, mas ignoram as verdadeiras amizades que tem Deus por fundamento, são espertos para se livrarem de tantos perigos, mas lentos e lerdos para fugir das ocasiões de pecado como as más conversações, a pornografia e o alcoolismo. E de que adianta ganhar o mundo todo se no final perde a sua alma? (cf. Mc 8,36) De que adianta tanta esperteza para ganhar o mundo se no final perde o céu?
A esperteza é próprio de pessoas que pensam, que dão sentido no que fazem, que visam não o presente, mas o futuro, essa deve ser uma qualidade de todo cristão que procura utilizar de sua inteligência para evitar tudo aquilo que desagrada a Deus e não nos faz felizes. Precisamos de verdadeiros espertos que estejam preocupados em ganhar o céu mais que o mundo, que utilize de sua inteligência para agradar mais a Deus que aos homens e saiba projetar e planificar a própria salvação mais que perder o tempo nas frágeis alegrias e na miséria dos prazeres. O mundo é dos tolos, porque os verdadeiros espertos ganham o céu.
