Sempre nas rodinhas de conversas de amigos, nas fofocas das ruas entre os velhinhos nas portas de casa e nos mexericos dos trabalhos e da família aparece um personagem peculiar, a figura do Padre; alguém tão intrigante por seus ensinamentos, misterioso pelo seu estilo de vida e sagaz pela verdade proclamada não só com palavras, mas com a própria vida. Uma vocação tão sublime, uma estima sagrada do próprio Deus são postos por terra nas críticas ferrenhas, nos julgamentos impiedosos e nas fofocas mais sórdidas.
O Padre nos dias atuais sofre a pressão de um povo inconformista com a doutrina, um povo crítico e cético diante da verdade, um povo que espera o espetáculo de um homem e não as surpresas de Deus; e mesmo diante desse patamar de críticas e perseguições de inconformidade com sua missão, Deus ainda continua suscitando corações generosos e pessoas corajosas que não temem as renúncias, não se abatem nas críticas e nem desanimam nas dificuldades.
O sacerdote é um ser humano, um homem como qualquer outro, com sua cultura própria, com seus gostos, jeitos, defeitos e qualidades, pecados e lutas, um homem chamado por Deus para ser seu instrumento, um chamado independente de suas qualidades e até de sua santidade. Deus suscita no coração do homem o seu chamado para lhe representar, para ser seu instrumento para curar os enfermos no sacramento da penitência e unção dos enfermos, para expulsar demônios por meio de sua presença, de sua oração e de suas bênçãos, chama para proclamar a boa nova, o Reino de Deus, para dar alívio, recobrar a paz e renovar as esperanças. O sacerdote é instrumento de Deus, alguns mais eficientes, outros com maiores qualidades, outros com suas diferenças particulares, entretanto todos, melhores ou piores, servem para trazer a Deus até nós na Eucaristia, representa a Deus e nos dá certeza de seu perdão, nos prepara na hora da morte com a Unção dos Enfermos, nos abre a porta do paraíso e nos torna filhos de Deus pelo Batismo, confirma nossa união no Matrimônio…
E tudo isso de graça, sem se preocupar com a coleta, com quanto que dá de dízimo, sem se preocupar se irá se promover ou se vai ser demitido, com greves ou sindicatos… De graça se recebe e de graça dá… Um dom tão elevado e uma graça pouco reconhecida
é termos sacerdotes disponíveis para nós na nossa Igreja. Ao invés de falar dos padres, vamos agradecer a eles pelo sim que eles deram a Deus, deixaram pais, riquezas, família e projetos de família apenas para dar Deus a nós, um “muito obrigado” anima, um reconhecimento renova a missão; ao invés de criticar vamos rezar mais pelos Padres, pedir a Deus que envie mais operários segundo o seu Sagrado Coração. Muitos criticam, poucos agradecem, muitos exigem, poucos reconhecem, muitos fofocam, poucos rezam.
O povo estava triste e abatido como ovelhas sem pastor, nossa alegria se redobra quando vemos no sacerdote o nosso pastor, a presença de Deus que perdoa, abençoa e renova as esperanças. Quando reconhecemos no sacerdote o imenso amor de Deus por nós que quer estar junto a nós por meio do sacerdote, não importamos qual seja o padre que irá celebrar a missa, qual sacerdote irá celebrar o casamento… mas nos preocupamos com a graça que iremos receber, a Eucaristia que iremos comungar a oração que vamos fazer. Deus não é capaz só de conquistar reinos, destruir montanhas ou abafar tempestades, Ele é capaz de ultrapassar a pequenez, a insuficiência e até a indignidade do sacerdote para estar conosco. Busquemos mais o divino que o humano, tenhamos olhos mais para as graças dos sacramentos que as desgraças dos pecados dos sacerdotes, vejamos mais a Deus através dos padres, independente dos padres e além dos padres.
Pe. Carlito Bernardes