Diocese de Anápolis

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Do maior fracasso à maior vitória

Temos experimentado, nestes dias, a alegria que contagia toda a vida da Igreja, isto é, as primeiras aparições do Ressuscitado e com Ele, a comunicação do maior Dom, o Espírito Santo. Não é por acaso que as primeiras palavras de Nosso Senhor Jesus são sempre: “A paz esteja convosco”! Isto para nos indicar que a verdadeira paz é o fruto da sua presença atuante em nossa vida. É o depois de terminarmos os dias tenebrosos do aparente fracasso de Jesus na Cruz, agora, aquela primeira comunidade experimenta e é animada por uma nova perspectiva de vida.

Esse 2º Domingo da Páscoa tem como marca a Misericórdia de Deus, como se nos achegássemos à Festa da Divina Misericórdia, na esperança de toda a nossa Igreja. Somos chamados à festa pela reconciliação, e o Senhor nos torna a chamar à sua graça capital infundida: a caridade que é o amor ágape infinito do amor de Deus por nós. A sua Ressurreição nos mostra que a nossa confiança é a Páscoa do amor, da alegria, do sentido e da verdadeira vida.

A Páscoa de Cristo nos orienta, triunfa sobre os limites humanos e nos impulsiona a missão do testemunho. A Ressurreição é o ápice da fé cristã, pois nos impulsiona à vida do Espírito. O Ressuscitado sopra sobre os discípulos o Espírito Santo, o dom do alto que os renova e os fortalece. A paz que Ele dá é diferente da oferecida pelo mundo. É uma paz que reconcilia, cura e envia.

No entanto, como os discípulos do Evangelho de hoje, muitos ainda estão fechados, acorrentados e medrosos, como aqueles que, mesmo após terem escutado o testemunho da mulher e a alegria da comunidade que viu o Senhor foi capaz de contagiá-lo! Pensemos em quantos medos eles se esforçaram, talvez, a fim de convencer o Apóstolo descrente… quantas tentativas frustradas ao explicar e descrever o óbvio (algo não muito diferente do que os cristãos experimentam em tantas angústias de nosso tempo). Enfim, a Igreja nascente anotou esse primeiro fracasso na evangelização, pois, até aquele momento, não convenceram sequer um de suas colunas, um Apóstolo!

A Misericórdia, no entanto, triunfa sobre a nossa pobreza e Cristo vem ao nosso encontro para dissipar todas as trevas interiores e nos apresentar o seu próprio coração para que seja possível tocá-lo: “Põe aqui o teu dedo… vê as minhas mãos” (cf. Jo 20,27), pois a incredulidade é falta de amor. A partir desse toque da Graça, do Espírito que lhe foi dado, a Igreja desabrocha e se torna legítima depositária da Misericórdia.

Vamos convencer, sobretudo, vivendo a verdadeira misericórdia de Deus, que não pode se esconder de ninguém. Somos todos, meus irmãos, especialmente, para quem nos foi confiado, chamados a sermos misericordiosos como o Pai, a não abandonarmos a missão que nos foi confiada e a assumirmos com maturidade a paz que nos traz sentido e esperança. Tomé é um de nós e também precisa de tempo, e de tempo no amor, pois apenas o amor é capaz de tocar onde nada mais alcança.

Não tenhamos medo! Sigamos adiante com o olhar fixo naquele que nos chama pelo nome: “À Tua voz, Senhor, se alegrará o meu coração” (cf. Sl 27,8). Somos esta geração da esperança que crê no Ressuscitado, pois fomos chamados à fé com o testemunho de tantos que “viram o Senhor” (cf. Jo 20,29), mas esperam o nosso sim autêntico.

Cristo venceu a morte e o medo. Ele nos quer mais que vitoriosos, e nada e ninguém jamais tirará de nossa alma a certeza de que a Igreja é vitoriosa, porque não só está com Cristo, mas de fato mesmo, quem já está dentro dela é!

Pe. Walisson Correa Silva
Seminário Maior Diocesano Imaculado Coração de Maria
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