Diocese de Anápolis

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Definições da teologia e suas divisões

1. Definições da teologia

a) Definições objetivas

b) Definições personalistas

2. Divisões da teologia

Contrariamente aos costumes adotados pelos manuais, que abordam essas questões já no início, nós as transferimos para o final da caracterização geral da teologia, como uma espécie de síntese.

1. DEFINIÇÕES DA TEOLOGIA

Não existe uma definição da teologia aceita e adotada por todos. Ela se modifica de acordo com a forma de abordar o objeto, o objetivo e o método da teologia. No entanto podem ser percebidos dois tipos de definições que se distinguem claramente: os mais objetivos, que consideram como objeto da teologia a Revelação, a fé, as verdades da fé ou os dogmas, e os mais personalistas, que apontam para Deus, para Cristo e Seus mistérios e para o homem como objeto da teologia. Os métodos e os objetivos diferenciam menos as definições do conhecimento teológico.

A. DEFINIÇÕES OBJETIVAS

“Conhecimento (ciência) com a ajuda do qual a razão do cristão, fortalecida e iluminada pela fé, procura compreender pelo raciocínio aquilo em que acredita, isto é, os mistérios revelados acompanhados de suas conseqüências” (Y. Congar).

“Auto-reflexão científica da fé cristã” (P. Althaus, protestante).

“Reflexão metódica e sistemática sobre o conteúdo da fé” (E. Schillebeekx).

“Em sentido estrito e pela sua natureza, é uma análise conscien-temente assumida pelo homem crente da Palavra da Revelação divina própria e historicamente revelada, com esforços metódicos para o seu conhecimento, refletindo o desenvolvimento do objeto do conhecimento” (K. Rahner, H. Vorgrimler).

“Revelacionização do conhecimento natural sobre a vida cristã” (S. Kaminski).

“Ciência da fé e conhecimento sobre a salvação” (J. Majka).

“Investigação feita pelo crente do conteúdo da sua fé apresentada na Revelação divina” (A. Zuberbier).

“Investigação racional do conteúdo da fé professada, o que é lapidarmente expresso pela fórmula de S. Anselmo: fides quaerens intellectum – a fé em busca da compreensão, ou, como diziam os mestres do século XIII: intellectus fidei – compreensão da fé” (A. Zuberbier).

A esse grupo deve ser acrescentada a definição sucinta freqüen-temente utilizada:

“Conhecimento sobre a fé” ou “ciência da fé” (scientia fidei, doctrina fidei, Glaubenswissenschaft, science de la foi, scienza della fede), “compreensão da fé” ou “cultura da fé” (intellectus fidei, intelligentia fidei, fides quaerens intellectum).

No seu último manual o Pe. Granat optou pela seguinte definição da teologia:

“Conhecimento metódico do conteúdo da fé cristã de acordo com a fé da Igreja”.

No entendimento do autor, propriamente todas as definições das ciências da teologia podem ser reduzidas à sua definição.

B. DEFINIÇÕES PERSONALISTAS

“Conhecimento (ciência) sistemático a respeito de Deus à luz da Revelação”.

“Ciência que com a ajuda da Revelação e da razão trata de Deus e das criaturas na medida em que se relacionam com Ele” (A. Tanquerey, autor de um manual de teologia dogmática em língua latina, muito popular na primeira metade do século XX).

“Ciência a respeito de Deus e das cristuras à luz da Revelação divina” (I. Rózycki).

“Ciência sobre a realidade (Deus, homem, mundo), que se apóia nas fontes da Revelação dada ao homem por Deus” (J. Majka).

“Esforço metódico do crente para que o mistério de Deus revelado em Cristo e confirmado na fé seja percebido na sua realidade, esclarecido no seu conteúdo interior e sistematicamente apresentado na sua conexão” (M. Schmaus).

“Ciência sobre o mistério de Deus em Cristo, anunciado na Igreja” (L. Scheffczyk).

“Conhecimento sistemático e baseado na Revelação divina a respeito de Cristo que vive na Igreja e atua juntamente com os homens” (definição de bom grado aceita pelos querigmáticos).

Com a intenção de manter a abordagem personalista do conheci-mento teológico e de enfatizar a sua especificidade cristã (Cristo!), podem ser propostas mais duas tentativas de definir a teologia:

1. “Ciência baseada na Palavra Divina a respeito do mistério de Deus e do homem, revelado de maneira especial no acontecimento de Jesus Cristo, Deus-Homem”.

2. “Ciência a respeito de Deus, do homem e do seu ambiente à luz da Palavra Divina que nos foi dada plenamente em Jesus Cristo”.

2. DIVISÕES DA TEOLOGIA

Distingue-se a teologia natural, fundamental e propriamente dita.

A teologia natural, também chamada teodicéia, é uma parte da metafísica e fala de Deus exclusivamente à luz da razão; faz parte das disciplinas filosóficas.

A teologia fundamental é uma ciência teológica que investiga e fundamenta o fato da revelação sobrenatural de Deus em Cristo, bem como o fato da continuidade dessa revelação na Igreja fundada por Cristo. Investiga, portanto, se a religião cristã possui uma gênese divina e como demonstrar essa procedência. Por isso é indispensável à teologia sistemática, visto que as suas investigações sobre a natureza sobrenatural do cristianismo possuem um significado especial para todas as Igrejas. Conduz também o diálogo com os descrentes, vendo uma possibilidade de cooperação com eles na transformação do mundo entendida em sentido amplo e na solução dos problemas da existência humana. No que diz respeito ao método, no seu ponto de partida aplica o método histórico-filosófico, racional, e no procedimento subseqüente utiliza-se do método teológico, e nesse sentido faz parte da teologia propriamente dita. 

Da teologia fundamental distinguimos a apologética, que nasceu da necessidade de defesa do cristianismo diante das acusações assacadas contra os seus próprios fundamentos: a Revelação, a missão de Cristo e a Igreja por Ele instituída. No seu método buscava não recorrer à Revelação, mas contentar-se com a argumentação histórica e racional.

A teologia propriamente dita, chamada simplesmente teologia, geralmente sem o acréscimo propriamente dita, analisa o seu “objeto” à luz da Palavra de Deus. É a respeito dela que refletimos na presente introdução à teologia. Costuma ser dividida em quatro amplas áreas: histórica, fundamental, sistemática e prática, o que demonstra mais claramente o esquema apresentado abaixo:

Estrutura da teologia propriamente dita:

I. TEOLOGIA HISTÓRICA

1. Ciências bíblicas

a. Introduções
– gerais
– aos diversos livros da Sagrada Escritur
b. Exegese
c. Teologia bíblica

2. Patrologia
3. História da Igreja
4. História dos dogmas e da teologia

II. TEOLOGIA FUNDAMENTAL

III. TEOLOGIA SISTEMÁTICA

1. Teologia dogmática
2. Teologia moral
3. Teologia ascética (teologia da “espiritualidade”) e mística

IV. TEOLOGIA PRÁTICA

1. Homilética 
2. Catequética 
3. Missiologia

– as três correspondem à dimensão de MARTIRIA: a Igreja na função de testemunho;

4. Theologia caritatis31 – dimensão de DIAKONIA:

– a Igreja na função de serviço;

5. Litúrgica – dimensão de LEITURGIA:

a Igreja na função de culto;

6. Teologia pastoral (hodogética32) – KOINONIA:

a Igreja a serviço da
comunidade/comunhão;

7. Direito eclesiástico (canônico).

As diversas disciplinas teológicas fazem uso das conquistas das outras ciências: os biblistas necessitam da ajuda dos filólogos em razão das línguas antigas do Oriente, dos historiadores da cultura meditarrânea dos tempos bíblicos, dos arqueólogos ou epígrafistas; os sistemáticos simplesmente não podem prescindir do apoio dos historiadores, filósofos, teóricos da linguagem, sociólogos, historiadores da religião; os teólogos “práticos”, chamados pastoralistas, utilizam-se no dia-a-dia das conquistas da psicologia, especialmente da psicologia da religião, da sociologia, especialmente da sociologia da religião, da pedagogia, da arte sacra, da informática, da ciência dos meios de comunicação de massa e da administração.

Ao prestarem valiosos serviços à teologia, essas ciências, inclusive a filosofia, não se tornam suas “servas”. É inteiramente normal que umas ciências tirem proveito das outras, por exemplo a física da matemática. O adágio philosophia est ancilla theologiae provém da Idade Média, quando reinava a teoria da subordinação, ou seja, uma espécie de subordinação à teologia de todas as disciplinas científicas.

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