Em todo território Diocesano é cada vez maior o número de paróquias que unem o projeto de evangelização com ações sociais. A promoção humana, com sua dimensão sócio transformadora, integra a ação evangelizadora da Igreja e a fé se manifesta e se completa através de ações e de serviço fraterno. É esse espírito que move na Paróquia São João Evangelista, em Anápolis, o Projeto Mãe do Divino Amor.
A coordenadora do projeto, Edilene Santos de Carvalho explica que o Mãe do Divino Amor é uma ação que caminha junto à Pastoral da Solidariedade e que tudo começou após conhecerem um projeto que já existia no mesmo formato em Goiânia e trazerem para Anápolis.
O Mãe do Divino Amor é um movimento que reúne diversas mulheres da comunidade paroquial para ensinar artesanato, corte e costura, promover momentos de oração e de convivência social. Em sua maioria, as integrantes são idosas, que após o isolamento e as perdas causadas pela pandemia da Covid-19 sentiram-se afastadas do convívio em comunidade e não tinham muita interação com outras pessoas.
Arlete Brito explica que faz parte da proposta desde o início e que foi convidada pelo Pe. Marcelino Vaz da Silva Neto – pároco da comunidade, a conhecer o projeto junto com outras irmãs da paróquia em Goiânia. “Lá a gente teve oportunidade de ver quão grande e abençoado era o projeto, e através do apoio do padre implantamos aqui”, explica.
De acordo com ela, o projeto representa alegria. “Pra mim particularmente trouxe alegria. Como sou dona de casa fico apenas lá, fazendo as coisas do dia a dia e aqui tenho uma tarde diferente, posso vir conversar, rir e me divertir. Aqui aprendi a fazer crochê, algo que tem me distraído e engrandecido muito. Acho um projeto iluminado, me mudou, me faz sentir bem, me faz sentir útil”, conta.
Inspiração
Padre Marcelino afirma que o projeto começou em março de 2022, “em meio a tantas necessidades da paróquia, percebemos um grande número de pessoas idosas que muitas vezes ficavam nos seus lares abandonadas. […] Em minhas visitas e no acompanhamento espiritual percebi a necessidade de algo que pudesse atendê-las”.
“Rezando e buscando entender a vontade de Deus para nossa paróquia iniciamos um trabalho com Kater Filho e por meio dele conhecemos um projeto parecido no Santuário Basílica da Sagrada Família, em Goiânia”, o sacerdote explica que o modelo foi adaptado para a realidade paroquial da São João Evangelista, sendo realizado uma vez por semana, às terças-feiras.
O clérigo sempre acompanha um pouco das tardes, participa do lanche com as integrantes e demonstra muita proximidade com a iniciativa. “Atendemos cerca de 40 mulheres hoje, não temos um cadastro, o acesso é muito livre. É uma tarde sem regras, tem as que querem aprender a cortar, costurar, bordar, temos computadores com acesso à internet para quem quer ver alguma coisa, temos o lanche feito por elas, com intuito de lembrar com o cheirinho do café e do bolo a ideia de lar, de casa, e de família e tem aquelas que vem apenas para ‘atazanar’”, brinca.
Além dos aprendizados artesanais, padre Marcelino Neto diz que os frutos do projeto são perceptíveis e que também são oferecidos assistência social e psicológica para quem necessita. “O atendimento é realizado em outro dia, aquelas que percebemos a necessidade nós encaminhamos e tem crescido com a Graça de Deus, produzido muitos frutos”.
Paula Guimaraes é revendedora de produtos de beleza e explica que muitas mulheres chegam sem autoestima e que há dias em que são feitas exposições de produtos, fazem maquiagem. De acordo com ela, os momentos são tentativas de ajudar na autoestima e resgatar a feminilidade.
Cura e doação
Todo custeio do projeto é feito através de doações. O maquinário, os computadores e a matéria prima inicialmente foram recebidos por meio de ofertas de pessoas que quiseram contribuir com a iniciativa. Atualmente os itens produzidos são expostos e vendidos na paróquia para continuar a manter os encontros. Através da venda deles novas linhas, tintas e tecidos são comprados para que os trabalhos possam continuar.
Outro objetivo do pároco e da coordenação é que as pessoas assistidas pela Pastoral da Solidariedade, que já recebem as cestas de alimentos possam também participar para aprender nas atividades ensinadas uma forma de gerar fonte de renda. “Além de dar somente o pão, temos tentado inserir outras pessoas no projeto. De forma que ela possa produzir em casa e vender seu produto, devolvendo dignidade”, comenta padre Marcelino.
Edilene Santos que coordena o projeto diz que a ajuda vem também da alegria, “cada uma com seu problema, partilhamos, nos ajudamos. O remédio é a alegria, somos como uma casa de mãe, você chega já tem uma que prepara o lanche, às 15h rezamos o terço da misericórdia. Temos nos ajudado”, pontua.
“Participo desde que começou, para mim é muito gratificante essas tardes, é uma troca, tudo muito gostoso. Aqui a gente aprende, ensina, tudo ao mesmo tempo. […] Quando cheguei estava meio depressiva por causa de uma cirurgia que fiz no olho e não foi bem sucedida. Fiquei com sequelas, doía muito, ardia. Eu sinto que quando venho pra cá não sinto tanta dor, aqui a gente interage, produz, distrai e eu não sinto que tenho problema, é bom demais, um alívio estar aqui com as meninas”, comenta Cleide Ferreira, vizinha da paróquia.