Solenidade de Pentecostes: “Católicos 007”
Ser cristão é ser enviado, é “ir em paz na companhia de Cristo Ressuscitado”, como bem nos lembra as últimas palavras da santa Missa (Ide em paz e o Senhor vos acompanhe); é dar graças a Deus com atos e palavras, gestos e atitudes. Árdua é a missão a qual somos enviados, sermos “cristos” para nossos irmãos, ou seja, pregar o Evangelho, falar da Palavra de Deus, aconselhar segundo a fé e a doutrina, ajudar o próximo, perdoar, fugir das ocasiões de pecado… Enfim, diante da missão a grande tentação que nos apresenta é a de viver um cristianismo de portas fechadas no cenáculo, o medo, a insegurança, a incerteza… Diante desse medo, desse sentimento só existem duas atitudes: fugir, se trancar no cenáculo, ou enfrentar de cabeça erguida a missão encomendada.
A alegria da ressurreição não foi o suficiente para mostrar aos apóstolos o que eles deveriam fazer e tampouco foi o combustível que impulsionasse eles para missão do anúncio do evangelho. O medo pairava sobre eles, a insegurança nas palavras, as incertezas das escolhas, o receio do “que dirão?”, o espanto daqueles que lhes conheciam… Parece que o melhor seria rezar no cenáculo e viver no comodismo da lembrança da ressurreição e não se aventurar muito por águas desconhecidas. Uma visão mesquinha de um catolicismo difundida nos nossos dias onde encontramos muitos “católicos 007”, secretos, escondidos, que só encontramos nas festas de batizados, nos casamentos e algumas vezes nas missas de domingo, fora isso ninguém sabe que é católico pela falta de coerência entre fé e vida, entre ação e oração. São católicos mesquinhos que preferem se esconder atrás do cumprimento da obrigação das missas de preceitos que se aventurarem em permear o seu dia vivendo o que rezou, pregando com suas atitudes as maravilhas de Deus, denunciando de uma forma profética os males da sociedade, convidando os seus irmãos para rezar… O medo da pregação, o medo da conversão não pode nos tornar covardes, cristãos escondidos nas tocas de suas orações egoístas e isolados da responsabilidade com o Evangelho, tímidos ao falar de Deus, uma timidez demoníaca que nos faz cochichar as orações e gritar as coisas do mundo; mas nos torne confiantes e humildes que nos faça clamar a presença, a força e o ânimo do Espírito Santo. Diante do medo da missão devemos responder com a coragem da fé que nos faz invocar com confiança: “Vinde Espírito Santo e toda face renovai”; precisamos de uma renovação, de renovar nosso cristianismo; precisamos do fogo do Espírito Santo para queimar o nosso orgulho e egoísmo que nos tornam tímidos na fé, para iluminar os nossos passos para termos confiança nas incertezas da vida e para aquecer nossos corações do amor de Deus. Precisamos do Espírito Santo para termos a loucura de viver um catolicismo de portas abertas, diante das pessoas em todos os momentos e não sermos covardes e tímidos que se escondem diante dos perigos, diante dos falatórios e injurias. Perante o medo e a timidez de sermos enviados a proclamar o Evangelho, a Palavra de Deus, o próprio Cristo, urge na vida de cada cristão como invocação, clamor e pedido: Vinde Espírito Santo!