A Igreja celebra todo dia 1º de novembro o dia de todos os santos, habitualmente representados nas sagradas imagens expostas para veneração pública. Contra as imagens há passagens como Êxodo 20,4-5 e o Salmo 115,12-17. A favor delas, temos outras como Êxodo 25,17-22; Números 21,4-9 e 1 Reis 7,29. E então, pode ou não pode? Acaso Deus não se está contradizendo? Uma de duas: ou interpretamos bem essas passagens ou diremos erros grotescos sobre a Palavra de Deus, entre outros que o Senhor não sabe o que quer nem o que manda. Logicamente, como Deus é Deus, ele é onisciente; longe, portanto, de Deus o contradizer-se. Para resolver o dilema deve-se afirmar que podem ser feitas as imagens que servem para o culto divino, que favorecem a devoção do povo para com o verdadeiro e único Deus que existe. Não podem ser feitas, porém, aquelas imagens que se destinam à idolatria.
O que é idolatria? É reconhecer uma criatura como criador e prestar-lhe a homenagem que é devida somente a Deus. Como a palavra “idolatria” evoca: trata-se de um “culto de latria aos ídolos”. A “latria” é um tipo de culto muito peculiar, significa adoração no sentido mais estrito da palavra. Além disso, o culto que nós damos ao verdadeiro Deus, sendo de latria não é uma idolatria porque Deus não é um ídolo; O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó é, de fato, o único Deus que existe. Quanto aos anjos (querubins) que Deus mandou fazer no Antigo Testamento; aos santos (pessoas que seguiram fielmente Jesus Cristo durante a sua vida mortal) que a Igreja Católica artisticamente faz, em forma de pinturas e esculturas; aos enfeites pictóricos que nós vemos em nossas igrejas e templos; não são ídolos. De fato, até os evangélicos luteranos, na Alemanha, têm imagens em seus templos. Fique bem claro: não são ídolos! Tampouco são adorados! Não reconhecemos que a Virgem Maria, os demais santos ou os anjos são deuses, não reconhecemos que eles devem ser adorados, não os reconhecemos como nossos criadores.
A autoridade dos nossos pastores determina que é preciso sermos sóbrios no número de imagens nos nossos templos e que “de modo geral, procure-se na ornamentação e disposição da Igreja, quanto às imagens, favorecer a piedade de toda a comunidade e a beleza e a dignidade das imagens” (IGMR, 318). Fora, portanto, as imagens feias e pouco piedosas! Dá pena olhar para o rosto de algumas imagens: feias, feitas em série e que não inspiram a piedade. Se você comprar imagens feiosas, vão continuar a fazê-las; se você não as comprar, vão parar! Ajude-nos a acabar com a cultura do feio, também em nossas igrejas!
Pe. Dr. Françoá Costa