Diocese de Anápolis

Diocese de Anápolis

Diocese de Anápolis

A paciência de Deus

Pelas três parábolas que o Evangelho de São Mateus nos apresenta nos apresenta, vemos que o Reino dos Céus não é algo só para o “fim da vida”, mas que já começou, já temos parte nele. Tanto a parábola do grão de mostarda quanto a das medidas fermentadas apontam para o crescimento desse reino, porém, de modos distintos. Na primeira, vemos um início muito simples e pequeno, a ponto de se identificar com aquele único grão de trigo triturado por nós, o próprio Jesus. Hoje, a folhagem desse grão tão fecundo se espalha pelo mundo todo na grande árvore chamada Igreja Católica. Na segunda, vemos, na figura do fermento, o próprio Espírito Santo que leveda os corações dos homens, santificando sua conduta no seio da Igreja.

O curioso é que os discípulos entenderam sem muitos problemas essas duas parábolas, mas pediram explicação sobre aquela do joio. Assim como os doze, também nós corremos o risco passarmos lentos à compreensão do verdadeiro ensinamento desta liturgia dominical. Quando os empregados pedem ao dono do campo para tirar o joio logo que o notam entre o trigo, ouvem algo que surpreende: “deixai crescer um e outro até a colheita” (v. 30).

Aqui temos algo que quase não conseguimos compreender em Deus: a sua paciência! “Ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos” (Mt 5,45). Por que Ele permite os maus (pessoas) no mundo? Santo Agostinho afirma: “os maus existem no mundo ou para que se convertam, ou para que por eles os bons exercitem a paciência”. Mas esses maus não estão apenas no mundo, estão também na Igreja. E não são apenas aquelas pessoas difíceis que conhecemos e que, talvez, já estejamos elencando no pensamento, mas somos nós mesmos. Sim! Em primeira mão, todos somos joio, sem exceções. Apenas num segundo momento, vemos em nós a capacidade de, pela graça de Deus, tornarmo-nos trigo da mais fina qualidade, santos.

Aprendamos, pois, da paciência de Nosso Senhor, não aquela que simplesmente “tolera” a presença do joio, esperando o melhor momento para punir com “o golpe da justiça”, mas aquela que é também misericórdia, que vai atrás querendo salvar. Que as pessoas com as quais temos desavenças, especialmente as que moram conosco, possam encontrar em nós, na próxima vez que nos virem, um olhar de reconciliação, porque deixamos cair das mãos a arma do julgamento depois de nos encontrarmos com um Deus que é, segundo o salmo de hoje (v. 15), “amor, paciência e perdão”!

Pe João Paulo Cardoso

Rolar para cima