É costume antigo da Igreja dedicar o quarto domingo deste tempo que nos prepara para o Natal à Virgem Maria, convidando-nos a esperar os últimos instantes para aquela Noite Santa ao lado daquela que ofertou o ventre como primeira manjedoura viva. Ela está para “dar à luz” aquele sem o qual nada tem brilho, o Sol da justiça que veio e vem “para iluminar a quantos jazem entre as trevas e na sombra da morte estão sentados” (Lc 1,79).
No evangelho de hoje, vemos algo surpreendente: João Batista pulou de alegria no ventre de Isabel e recebeu uma graça especial com a qual já foi santificado antes do seu nascimento. O curioso é que o texto deixa entrever que isso aconteceu não quando Jesus chegou estando no ventre de sua Mãe, mas no exato momento em que esta abriu a boca e saudou Isabel: “Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos”. Nosso Senhor já estava lá, mas foi só quando Isabel ouviu a saudação da Virgem que o menino exultou em seu seio e ela ficou cheia do Espírito Santo.
Deus quis usar de Nossa Senhora para transmitir a sua graça, quis torná–la instrumento eficaz da sua vontade. Não tenhamos dúvidas de que ele deseja usar também de nós. Através do nosso exemplo, palavra e testemunho, Nosso Senhor quer nascer de novo em muitas vidas que, talvez, até já estejam perdendo o sentido. Quem sabe não seja ajudando alguém a encontrar o caminho até Deus que acabemos reencontrando também o nosso?! Se nossas tantas faltas e incapacidades nos acusam a consciência, lembremo–nos de que mesmo o pincel das cerdas mais tor tas pode produzir uma obra prima estando nas mãos do Grande Artista.
Que o exemplo de abandono total da Virgem Maria seja nosso grande modelo e, com ela, recolhamo–nos nesses dias de oração e espera. Afinal, não existe melhor maneira de aguardar a vinda do Filho que estar na constante e amorosa companhia da Mãe.
Pe. João Paulo Cardoso Paróquia São Pedro e São Paulo