Diocese de Anápolis

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2º Domingo da Quaresma, padre Rogério fala da transfiguração

Eu o vi.

Na época de Santo Antão, em um tempo muito mais difícil para a Igreja do que hoje, multidões foram enganadas pela heresia ariana. Ário, sacerdote em Alexandria, declarou que Cristo era apenas uma criatura de Deus, um homem. Santo Atanásio tentava reconquistar os traidores para a verdade e foi buscar no deserto o auxílio de Santo Antão. Ele era já reconhecido como um Santo em vida pelo modo de viver. O Santo entrou em Alexandria no ano de 338 após décadas de isolamento. Diante da basílica, o povo se reuniu, pois queriam saber sobre os argumentos do Santo contra a heresia ariana. Santo Antão respondeu categoricamente: “Jesus Cristo é Deus”. Ao ser questionado sobre como sabia disso o santo respondeu: “Eu o vi!” E todos se ajoelharam arrependidos.

Por que deveríamos confiar em Jesus? Porque ele é Deus e várias pessoas o viram. O tema do Evangelho de Mt 17,1-9 é a transfiguração do Senhor que significa a manifestação da divindade de Jesus. Seu rosto brilhou como o sol e suas roupas ficaram brancas como a luz. Essa manifestação foi importante, e assim Jesus o quis fazer, porque Ele iria sofrer e morrer por causa dos homens. Pedro não aceitava e os apóstolos não entendiam. Jesus manifesta a sua glória para dar firmeza na fé desses três apóstolos: Pedro, Tiago e João. Ele previne-os e conforta-os na sua fé.

O fato desta cena nos ser apresentado no 2º Domingo da Quaresma tem um sentido para a nossa vida. Assim como para aqueles discípulos a Transfiguração de Jesus serviu de preparação para se confrontarem com a sua desfiguração na agonia do Getsemani, assim também nós temos de nos dispor com olhos de fé para a celebração do tríduo pascal.

Vamos entrando na segunda semana do tempo quaresmal de preparação para a Páscoa. Depois de olharmos a tentação do Senhor, vemos a sua glória, no monte Tabor, onde percebemos a grandeza de Jesus como Deus. Não é somente a voz do tentador que chega até nós. Há também outras vozes que o próprio Deus nos sussurra na hora da brisa. A liturgia de hoje nos convida para subirmos a montanha para sermos transfigurados com o Cristo.

Jesus também leva cada um de nós ao monte Tabor para mostrar a sua glória. Subir com Cristo é subir à Missa. Cristo se transfigura no altar, na Eucaristia. Nós também somos chamados a passar pela transfiguração, a brilhar nosso semblante de Deus. Somos chamados a ser luz, a brilhar a divindade de Deus, que está na nossa alma. Devemos encontrar esse Jesus na nossa vida corrente, no meio do trabalho, na rua, nos que nos rodeiam, na oração, quando nos perdoa no sacramento da Confissão, e sobretudo na Eucaristia, onde se encontra verdadeira, real e substancialmente presente. Devemos aprender a descobri-Lo nas coisas ordinárias, correntes, fugindo da tentação de desejar o extraordinário.

Que nós possamos passar essa semana encontrando com Jesus Cristo. E assim possamos dizer no próximo domingo: “Eu o vi”!

 
Pe. Rogério Moraes
Catedral do Senhor Bom Jesus da Lapa
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