Diocese de Anápolis

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Liturgia: celebração do Mistério Pascal

Cruz vazia

Quando o assunto é liturgia, normalmente a conversa “esquenta”. Mas, qual é a raiz desses debates tão “animados”? Creio que podemos fazer uma analogia com o coração, órgão sensível, complexo e do qual depende grande parte da nossa vitalidade. Pois bem, a liturgia é o coração da Igreja: nela celebramos a fé e através dela descobrimos a fé da Igreja, conforme o antigo adágio lex orandi lex credendi, isto é, “a lei da oração é a lei da fé”. O Catecismo explica-o da seguinte maneira: “a Igreja traduz em sua profissão de fé aquilo que expressa em sua oração” (Cat. 1124). Definitivamente, não se pode mexer no coração arbitrariamente; caso contrário, se caminha rumo à morte. A reforma litúrgica que o Concílio Vaticano II realizou e favoreceu em toda a Igreja através da Constituição “Sacrossanctum Concilium” (1964) foi uma expressão da ação do Espírito Santo que dinamiza constantemente a mesma Igreja. Contudo, é fato que nem todos entenderam o espírito dessa reforma. O cardeal Roger Etchegaray, ao prefaciar o clássico livro de Jean Corbon, “A fonte da liturgia”, escrevia que “algumas vezes os animadores dessa renovação orientam os seus esforços apenas para as modalidades da celebração e não nos ajudam verdadeiramente a penetrar no mistério litúrgico” (Roger Etchegaray, Prefácio, em Jean Corbon, A fonte da liturgia, Lisboa: Paulinas, 1999, p. 5).

A finalidade desse círculo de reflexões será apreciar o Mistério da liturgia para a vida da Igreja. Podemos descrevê-la como “celebração do Mistério de Cristo e, em particular, do Mistério Pascal” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 218).

“Encontro-te, ó Cristo, nos teus mistérios” (S. Ambrósio de Milão, Apologia Prophetae David, I, 58). Essa alusiva frase do santo bispo de Milão serve para que adentremos no mistério da liturgia, isto é na comemoração efetiva da Páscoa de Cristo, isto é, da Paixão, Morte e Ressurreição do nosso Salvador. Nas nossas celebrações litúrgicas, máxime na Santa Missa, encontramos Jesus Cristo e sua obra salvadora. Na quinta-feira santa – com a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio e com a demonstração do amor de Jesus no lava-pés – começa essa “Grande Missa” que terminará somente no Domingo da Ressurreição. Trata-se do Mistério de nossa Salvação realizado no Sagrado Tríduo. Contudo, esse Mistério é celebrado todos os dias, em todas as horas e em todas as partes: o Espírito Santo continua a fazer com que o Mistério do Salvador continue a irradiar suas energias vivificadoras. Entremos nessa corrente santa: ela aumentará a temperatura da nossa vida espiritual!

Pe. Dr. Françoá Costa

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