Diocese de Anápolis

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Domingo – dia litúrgico por excelência

 

Abitene (atual Tunísia) foi cenário de uma das perseguições aos cristãos, nos tempos do Imperador Diocleciano, no século IV. Entre os diversos testemunhos, encontra-se o de Emérito. Este afirma sem medo algum ter hospedado na sua casa os cristãos para a celebração da Santa Missa. O proconsul o perguntou: “porque acolhestes em tua casa os cristãos, indo assim contra as disposições imperiais?” Emérito respondeu: “Sine dominico non possumus”, isto é, não podemos nem ser nem viver como cristãos sem reunirmo-nos aos domingos para celebrar a Eucaristia. Nesse sentido, São João Paulo II apresentou-nos na Carta Apostólica Dies Domini (1998) uma doutrina abundante sobre o Domingo. A Carta divide-se em cinco capítulos e apresenta-nos o Domingo como o Dia do Senhor, o Dia de Cristo, o Dia da Igreja, o Dia do homem, o Dia dos dias. Cada um desses capítulos apresenta-nos um aspecto sobre o domingo e todos estão profundamente unidos.

O sábado, para o Povo de Israel, era dia santo, dia consagrado ao Senhor, era o dia do descanso (sabbat) do Senhor (cf. Dt 5,14) e do homem. Entre os primeiros cristãos, parece que a expressão “dia do Senhor” surgiu na área antioquena a partir do conceito bíblico do dia no qual o Senhor atuou (cf. Sl 117,24; Mt 3,17; 4,3). Eles interpretaram o Sl 117 como anúncio da Ressurreição e aplicaram o Sl 109 a Jesus Cristo ressuscitado (cf. At 2, 32-35.36; Rm 10,9; 1 Cor 12,3) como Kyrios (palavra grega que traduz Yahvéh na “Tradução dos LXX”). O Domingo é o dia que celebra o Senhor como único que pode salvar (cf. Rm 10,9-13) e que remete ao Cristo glorioso que vem a nós na Eucaristia. A razão de ser do Domingo é celebrar a Páscoa que, para os cristãos, tem caráter permanente e universal, não só anual. No entanto, só o domingo está marcado pela ressurreição. O Dia do Senhor é, portanto, o dia da Eucaristia. Jean Daniélou, famoso teólogo do século passado, dizia com razão que “nada poderá atentar contra a participação na eucaristia. Incluso quando um novo paganismo ou, digamos, uma organização mais racional da sociedade forçasse os cristãos, individualmente ou em grupo, a trabalhar durante o domingo; como no tempo dos mártires, deveriam reunir-se antes do pôr-do-sol para celebrar a memória do Senhor”. Esta foi a consciência da Igreja de todos os tempos!

Pe. Dr. Françoá Costa

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