Celebrando a Solenidade de Cristo Rei do Universo, encerramos o ano litúrgico. Depois de termos celebrado todos os mistérios da vida de Jesus, a liturgia no-lo apresenta como Cristo glorioso, Rei de toda a criação e Senhor da história. O curioso é que Nosso Senhor se tornou rei de um modo muito diferente ao que estamos acostumados a ver ou imaginar a partir das histórias que conhecemos. O evangelho nos apresenta Jesus conversando com Pilatos logo antes de sofrer sua Paixão, ser crucificado e morto.
“É precisamente oferecendo-se a si mesmo no sacrifício de expiação que Jesus se torna o Rei Universal” (Bento XVI). Torna-se Rei e Senhor de tudo porque resgata tudo com seu Sangue derramado. “Acaso não sabeis que já não vos pertenceis? Fostes comprados por um alto preço!” (1 Cor 6, 20s). Pertencemos ao Senhor! Não há maior nem melhor soberano para servir. Mas, atenção! Jesus não deixa ninguém iludido, diz claramente a Pilatos e a cada um de nós: “O meu reino não é deste mundo!”
Enquanto estamos nesta vida, o Cristo não se apresenta a nós como está agora no céu: triunfante, sentado em seu trono glorioso. Enquanto estivermos aqui, nós nos gloriaremos na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Gl 6, 14). A coroa do nosso rei é feita de espinhos, seu trono é a Cruz, suas honras são bofetões e cusparadas, seus adornos são pregos nas mãos e nos pés com uma lança perfurando seu lado, seu esplendor é sua carne chagada e rasgada por incontáveis açoites. Se o rei é tratado assim, não serão de outro modo seus súditos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga” (Mt 16, 24). Somos o Corpo de Cristo e o Senhor Crucificado é nossa Cabeça. “É uma vergonha fazer-se de membro regalado, sob uma cabeça coroada de espinhos” (São Bernardo).
Isso, longe de nos desanimar, nos motiva. Pois temos a firme certeza de que o destino dos súditos é o mesmo do seu Senhor não somente nesta vida, mas também na outra. Só teme dores e humilhações neste mundo quem não medita no valor infinito escondido por detrás delas. Nossa segurança é sua promessa: “Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo” (Jo 12, 26).
Pe. João Paulo Cardoso Paróquia São Pedro e São Paulo