Amar sem medidas
A Páscoa é a festa da luz. O Sol Verdadeiro, que é Jesus Cristo, irradia seu brilho glorioso agora em nossos corações, pois o que estava mergulhado nas trevas do pecado passou a ter a vida de Deus em si. Foi justamente isso que cantamos ao proclamarmos a Páscoa, algumas semanas atrás: “Ó noite em que a coluna luminosa as trevas do pecado dissipou”.
O Tempo Pascal avançou apresentando-nos testemunhos valorosos que nos fazem confiar que de fato o Senhor está vivo e ressuscitado. Maria Madalena foi testemunha da ressurreição. Dão este testemunho também os apóstolos, juntamente com São Tomé, que ficou incrédulo até tocar o Senhor. Ainda os discípulos que no caminho de Emaús andaram lado a lado com o ressuscitado são testemunhas deste grandioso fato, ao lado de tantos outros irmãos e irmãs que tiveram a graça de terem sido testemunhas oculares do Ressuscitado, que lhes apareceu, conversou com eles, comeu com eles, deixou que o tocassem, mas que sobretudo os amou, abrindo-lhes a inteligência, explicando-lhes as Escrituras e enviando o Paráclito para ser companheiro dos cristãos na missão evangelizadora.
Jesus ressuscitado é o Bom Pastor e também a videira verdadeira, à qual todos nós precisamos nos manter unidos, para que possamos nele produzir muitos frutos, mas, sobretudo, para que possamos amar. O convite de hoje é a propagação do amor. Jesus é amado pelo Pai, mas também é aquele que nos ama como o Pai O amou, ao mesmo tempo que nos convida a amarmos os irmãos, por termos sido amados.
O amor não é iniciativa do homem. Só podemos amar a Deus porque em primeiro lugar Ele nos amou (Cf. 1Jo 4, 10). A dinâmica do amor está absolutamente envolta por gratuidade. Portanto, o amor foge absolutamente do egoísmo, porque não se trata simplesmente de uma troca de sentimentos, como alguém que ama para ser amado, mas se trata deste dar gratuitamente, ou seja, eu amo ainda que o outro não me possa retribuir o amor. O amor é uma decisão cotidiana, uma escolha livre de cada dia, é entregar-se, é um morrer para si, à semelhança de Cristo, que na Cruz deu a maior prova de seu amor por nós.
Lembremo-nos, então, de sairmos do comodismo que espera que os outros nos amem, e partamos para a ação de amar os outros, pois é justamente pelo amor que todos nos reconhecem como discípulos de Jesus (Cf. Jo 13, 35). E assim, amando, a luz Verdadeira de Cristo que nos iluminou nesta Páscoa não vai deixar de brilhar em nós, mas pelo contrário, difusiva como é, poderá aquecer muitos outros corações e iluminar através de nós tantas outras vidas.