Estamos no Santo e Divino Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Podemos, às vezes, não sentir a alegria do Natal por não nos darmos conta da tamanha importância deste dia para nós, seres humanos. Depois de contemplarmos, ontem, o Menino Deus na manjedoura, queremos, hoje, aprofundar-nos no sentido desta Festa.
Com o pecado original, criou-se um abismo infinito entre Deus e nós, suas criaturas tão amadas. Durante vários séculos, nosso Criador tentou construir uma ponte estável para unir os dois lados desse abismo, através dos profetas e patriarcas, mas não foi o suficiente. O homem mergulhou numa solidão profunda demais. Não apenas uma solidão psicológica que podemos sentir, por exemplo, por estarmos longe de quem amamos nesse dia em que tantas famílias se reúnem, mas uma solidão que tomava conta de todo o coração humano, porque estava na raiz do seu ser.
Essa é a grande tristeza da nossa natureza, a de ter um coração grande demais pra esse mundo. Nada sobre a face desta terra é capaz de saciar todo anseio humano. O ser humano procura essa felicidade em muitos lugares nessa vida, mas ela não está lá. A única Pessoa capaz de nos dar tudo isso, estava do outro lado desse abismo infinito.
Foi, então, que “a Palavra se fez carne e habitou entre nós.” (Evangelho de hoje). “Nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho” (segunda leitura). Aqui, exatamente aqui, mora a grande resposta pra essa solidão profunda que envolvia o ser humano. Ele veio ao nosso encontro, desceu do seu trono divino, fez-se a ponte capaz de unir perfeitamente os dois lados desse abismo, porque é perfeitamente Deus e perfeitamente homem: Jesus Cristo!
Nasceu o Nosso Salvador, Aquele que é o verdadeiro sentido da nossa existência, o Único capaz de nos dar a verdadeira, completa e absoluta felicidade e realização. Ele vem à nossa manjedoura que simboliza a frieza do nosso coração que, por vezes, não é capaz de amá-Lo, a nossa sujeira que não somos capazes de limpar para recebê-Lo. E Ele não nos rejeitou, Ele veio até nós, veio nos visitar.
Por isso, a alegria do Natal não se traduz só em sentimentos humanos, mas é uma verdade! Uma verdade que precisa ser contemplada, adorada. Neste dia, devemos parar perplexos diante do presépio. Afastar qualquer sentimento de grandeza e deixar o coração, em humilde silêncio, adorar o profundo mistério do Natal, da vinda do Criador do Universo que, transpondo o abismo da nossa indiferença, veio ser Emanuel, veio ser Deus-conosco!