Jesus não quer propaganda de si
Jesus prega com uma autoridade taumaturga e que muito admirava os que estavam ao seu redor. Sua fama se espalhava e todos queriam se encontrar com aquele que lhes podia transformar completamente a vida, pois não há quem se encontre com Ele sem que seja totalmente transformado. Ora, se Jesus é este que pode e que quer transformar todas as vidas, o que mais poderia querer Ele que ser divulgado a todos de um modo novo e extraordinário, a fim de que todos soubessem que Ele é o Santo de Deus? Se o fato de ser conhecido por todos atraía as pessoas a Ele, por qual motivo então Jesus recusa a propaganda que dele fazia aquele espírito mau?
Para chegar a uma boa compreensão, o primeiro passo é entender que, na verdade, o que Jesus de fato não queria era que a seu respeito tirassem conclusões antecipadas, enquadrando-o numa visão messiânica apenas política, e que, apesar de ser bastante difundida na época, não correspondia ao projeto do Pai. Jesus não foi enviado para ser politicamente declarado rei, mas para salvar um povo perdido nos seus pecados, e, por isso, Jesus não queria e nem precisava de propaganda, Jesus queria um encontro pessoal com Ele, e quem ousava se aproximar descobria um coração tão amável, que dele jamais se podia esquecer.
O encontro pessoal com Jesus não é apenas transformador da relação da pessoa com Deus, mas também transformador da relação da pessoa com os irmãos e, portanto, transformador da sociedade. É preciso compreender que a dinâmica da transformação deste nosso mundo passa por apresentar a todos, através do nosso autêntico testemunho, o rosto de um Cristo que não quer apenas ser anunciado, mas que quer ser encontrado pessoalmente por cada pessoa. Eis o caminho do discipulado que devemos percorrer.
A Palavra de Deus diz que aquele que crê fará as obras que Jesus faz e fará obras ainda maiores (Jo 14, 12). A admiração que tinham por Jesus, ou até mesmo a admiração que se espalhava entre todos os que tinham contato com as primeiras comunidades cristãs, por constatarem o quanto eles se amavam, deve também irradiar a muitas pessoas a partir da nossa geração de cristãos. Amar e se encontrar pessoalmente com Cristo, vivendo o dinamismo da verdadeira transformação, deve ser nosso projeto permanente de vida, afinal, é nisto que todos reconhecerão que somos discípulos de Jesus: se nos amarmos uns aos outros (Jo 13, 35).