“O Consolador”
Neste tempo pascal, temos voltado nosso olhar para Jesus ressuscitado. Agora, a liturgia nos apresenta Nosso Senhor falando especificamente sobre outra Pessoa, alguém que ele rogará ao Pai que nos envie. Assim como Jesus teve João Batista como a voz que o precedia, ele mesmo se torna o precursor daquele que será nosso defensor, o Espírito Santo.
Desta terceira Pessoa Divina se diz Paráclito, Advogado, Defensor, Consolador. Neste último nome, podemos encontrar uma grande resposta de Deus ao homem, principalmente ao dos nossos tempos. Mesmo o Espírito Santo sendo luz e força para quem o invoca, encontramos cada vez mais corações com medo do futuro, magoados por traições dos que se diziam amigos, inquietos e angustiados com objetivos não alcançados e desejos nunca totalmente saciados; corações que desejam o Céu, mas que se sentem atacados de todos os lados e empurrados para a direção contrária. São corações que precisam também ser consolados. Mas por quem? “Sou eu, sou eu quem vos consola!” (Is 51, 12). “O Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação” (2Cor 1,3).
Essa consolação nos foi oferecida de maneira especial no próprio Jesus que passou fazendo o bem a tantos que lhe acorriam com seus problemas e saiam totalmente curados (no corpo e na alma) de sua presença. “Vinde a mim todos vós que estais cansados sob o peso de vossos fardos e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28). Depois de sua partida, enviou outro Consolador que ficasse conosco para sempre. O Espírito Santo nos consola a partir de dentro. Ele não está apenas ao nosso lado em todos os momentos, está em nós. Por isso, ele é chamado de “doce hóspede da alma”. Contudo, é importante entender que esse Consolador nos consola na medida em que que é invocado por nós. Quantas vezes buscamos nossa consolação não em Deus, mas nas coisas criadas: riquezas, prazeres, distrações, coisas da carne.
Além disso, “Deus dá sua graça aos humildes” (2Cor 7,6). Reconheçamos ter necessidade de Deus, peçamos com fé, como quem precisa de verdade dessa graça pra viver. E o mais importante: não peçamos somente para nós. Assim diz São Paulo: “Ele nos consola em todas as nossas aflições para que, com a consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que se acham em toda e qualquer aflição.” (2Cor 1, 4). Devemos ser um “consolador” uns para os outros. Que as pessoas encontrem alívio, conforto e auxílio para suas dores sempre que se encontrarem conosco. Às vezes, a melhor maneira de encontrar a paz na própria vida é ajudar os irmãos a encontrarem a deles.