A intensidade do desejo de Deus e a impressionante aventura que empreendemos em busca da felicidade nos faz almejar a presença divina. Sentimos a insuficiência das nossas forças, a debilidade da nossa natureza e a inconstância de nossos propósitos… Experiências que nos levam a um refúgio divino, nos faz apegar à sua graça, desejar sua misericórdia e ansiar sua presença. Temos a necessidade de ter Deus no meio de nós. São João Batista nos mostra essa presença divina, indica onde está Deus e se torna exemplo de verdadeiros cristãos que gritam para sociedade, reflete no seu cotidiano que Ele está no meio de nós.
Vivemos numa sociedade desnorteada, carente de uma espiritualidade, cética de Deus, uma sociedade dilacerada por guerras, enfermidades, sofrimentos e torturas, onde a presença de Deus é posta em dúvida; se questiona sua existência e surge do mais profundo do coração do homem sofredor a típica pergunta que acompanha o ser humano: se Deus existe porque tanto sofrimento? Ele não faz nada? Ele é passível, se esqueceu de nós, cruzou os braços…? Perguntas que talvez não teremos uma resposta imediata, ou uma resposta que nos satisfaça.
Diante dessas perguntas, até a Igreja que deveria ser símbolo e realidade da presença de Deus é posta em dúvida, exigimos respostas, queremos um poder sobrenatural, um Deus como o “superman” que nos salve, nos proteja e faça justiça; exigimos dos padres e bispos uma resposta para a existência de Deus. “E o Verbo de Deus se fez carne, e habitou entre nós.” (Jo 1, 14). Deus se fez carne e ainda hoje continua se fazendo carne na carne de cada batizado. Nossa vocação de cristãos está em ser Cristo para os demais e se a sociedade de hoje não conhece mais a Deus não é somente por culpa dos padres e bispos, senão que todos nós batizados somos responsáveis na transmissão da fé e na vivência do cristianismo; por meio das nossas atitudes diárias devemos demonstrar, ser testemunhas da presença de Deus em meio à sociedade.
Deus permanece junto a nós e através de nós. Estamos no tempo do Advento, uma preparação para o Natal, as casas se embelezam com pisca-piscas, as guirlandas dão as boas vindas nas portas, reluz de longe as árvores de Natal com seus adornos abrilhantados… Entretanto, que tudo isso seja para mostrar a alegria do Menino Deus, a felicidade que deve reinar porque Deus veio nos visitar, porque Ele não só esteve, mas está no meio de nós. Uma festa de Natal que se baseia apenas em enfeites externos se reduz a uma alegria superficial, passageira e miserável.
Todos enfeites e adornos natalinos devem girar em torno do presépio, pois é no presépio que todos nossos enfeites ganham um real sentido e um verdadeiro brilho. Assim com nossa vida de cristãos deve ser um reflexo da presença de Deus, cada enfeite natalino deve ser também um sinal de alegria e felicidade que nos remete à profundidade e ao silêncio do presépio. Que neste Natal todos os enfeites e adornos sejam mais que expressão da celebração do Menino Deus, mas que possa expressar também a verdadeira vocação de cada cristão batizado: ser luz que mostre Deus, adorno que nos remete a Deus, espelhos que reflita o amor de Deus e testemunhos da presença divina em meio à sociedade, pois Deus não só se fez carne, mas se faz carne na carne de cada cristão. E por meio do nosso compromisso e responsabilidade, da nossa vivência e espiritualidade, possamos constatar que Ele está no meio de nós.
Pe. Carlito Bernardes Oliveira Júnior
Paróquia Santa Terezinha – Anápolis, Goiás