Atos que falam
Existem perguntas crucias que nos fazem refletir, pensar e agir, perguntas que não se respondem com simples palavras, mas exige uma atitude, uma escolha e uma renúncia. Durante nossa vida nos deparamos com essas perguntas cuja resposta não está em palavras decoradas ou definições prolongadas, mas na vivência real e verdadeira de uma doutrina que guia toda uma vida.
No Evangelho Jesus pergunta: “Quem diz o povo que eu sou?”, mais que uma pergunta onde Jesus se preocupa com a opinião pública, é uma pergunta onde tenta nortear a vida de seus discípulos por meio de suas respostas. Parece fácil a resposta, está na “ponta da língua”, mas a esta pergunta não se responde com palavras mas com ações, atitudes e escolhas, e dependendo da forma em que vivemos o nosso cristianismo respondemos a essa pergunta.
Assim como surgiu respostas absurdas no meio dos discípulos sobre quem era Jesus, surge também na nossa sociedade respostas abismais sobre quem é Jesus para nós. Um Jesus super-herói, assim como o Superman, ou Homem-Aranha ou o Batman, aquele Jesus que resolve tudo de uma hora para outra, com seu poder de super-herói transforma tudo, prende os ladrões, salva as pessoas e depois vai embora e não tem nada a ver comigo… Aquelas pessoas que vivem um cristianismo sem compromisso com a Igreja, que se exumam de responsabilidade missionária, mas continua rezando e indo na missa, não se entrega por completo, ainda não teve a experiência de um encontro profundo, íntimo e transformador com o Senhor… esses respondem quem é Jesus para mim? Um super-herói. Outros, um Jesus garçom, pronto a me atender a todos os meus pedidos, atento ao meu estralar de dedos, disposto com presteza a trazer o que eu quero… Pessoas que vivem um cristianismo de conveniência, que fazem de suas orações uma forma de exigir de Deus o que querem, rezam apenas quando falta alguma coisa ou precisam de alguma graça, então vão a missa, procuram confessar-se… esses respondem quem é Jesus para mim? Um garçom. Ainda encontramos entre todas as respostas absurdas, aqueles que dizem que Jesus é um árbitro de futebol, atento a qualquer deslize meu, a qualquer falta ou infração, disposto a me dar um cartão amarelo ou vermelho, preparado a me castigar… São pessoas que vivem um cristianismo de tensão, que veem em Deus apenas um pai castigador, mas esquece do Pai de amor que acolhe, recebe, perdoa e renova… essas pessoas respondem a pergunta quem é Jesus para mim? Um juiz de futebol.
Pergunta simples, resposta complexa, mas tão atual nos nossos tempos. Por mais que pareça simples a pergunta, ainda continua sendo absurdas nossas respostas. Se a essa pergunta eu respondo com minhas atitudes, devemos então analisar como estamos vivendo o nosso cristianismo para saber se nossas respostas são absurdas e não deixar que o nosso cristianismo seja um absurdo, baseado numa incoerência entre ação e oração e fundamentado numa mentira na falta de correspondência entre fé e vida. Tão atual e real, ressoa nas paredes de nossos corações e ecoa nos abismos de nossas vidas: “Quem é Jesus para nós?” Podemos colar de Pedro a resposta, mas não as palavras, senão as ações de um cristianismo verdadeiro, comprometido com o evangelho, entregado até as últimas consequências, baseado na caridade, adubado pela fraternidade e regado pela oração.