Diocese de Anápolis

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2° Domingo da Quaresma: “Alpinismo espiritual”

À beleza de um cristianismo vívido, tão claro quanto ao sol, tão deleitável quanto o frescor da brisa, tão satisfatório quanto o prazer da conquista… a contemplação da revelação não se dá nas baixezas da humanidade, mas se manifesta nas alturas da divindade. O sublime ideal cristão proposto pelo Evangelho confronta com o comodismo pessoal que busca um cristianismo fácil, um catolicismo light, a graça sem esforço, os milagres sem compromisso, a presença da ausência. A tão elevada espiritualidade cristã somente é conquistada por aqueles que são capazes de empreender a desafiadora aventura de sair de si, abandonar as seguranças de uma planície para adentrar nas incertezas da montanha.

O dinamismo espiritual de cada cristão é um verdadeiro exercício de alpinismo espiritual, constantemente temos que sair de nós mesmos, enfrentar o calor da empreitada, superar o declive e o desconforto dos pedregulhos da vida para subir a montanha, para estar com Deus. As exigências de um alpinismo sobrepassam e expõem a limitação humana: o cansaço do caminhar, a fraqueza dos músculos, o drama da dificuldade e do sofrimento… Sair do conforto das planícies para se aventurar nas alturas das montanhas requer decisão, insistência e persistência, paciência e fortaleza, exige vontade férrea e espírito decidido.

Uma complexa realidade proposta a todos aqueles que desejam contemplar as maravilhas das alturas. Da mesma forma, Deus se revela nas alturas das montanhas; as grandes revelações bíblicas se dão nas montanhas (Moriá, Horeb, Sinai, Tabor, Calvário) manifestando um sentido pedagógico completo: apenas aqueles que são capazes de sair do comodismo de suas planícies são capazes de contemplar a glória do Senhor que se revela nas alturas das montanhas.

Cada momento de oração, cada Santa Missa, cada adoração Eucarística, cada vez que vamos à Igreja é uma subida à montanha, é sair de nós mesmos para estar com o Senhor. E nessa dinâmica de alpinismo espiritual confrontamos com as nossas limitações, nossa preguiça, descaso e desânimo, sentimos a dificuldade de estar com o Senhor, mas a prática faz o profissional. Assim como um alpinista profissional não sente os desconfortos de subir uma montanha, ao contrário, acha deleitável, com o tempo, vamos apreciando e fortalecendo nossos músculos espirituais para que a nossa subida não seja algo pesado e frustrante, mas agradável e prazerosa, para que a nossa oração não seja um fardo, mas um verdadeiro descanso.

A Transfiguração do Senhor no alto do monte Tabor não só revela a glória da divindade, mas a real necessidade de subirmos à montanha para contemplar tão grande epifania. Somente são capazes de contemplar a transfiguração aqueles que, com espírito decidido, com perseverança e paciência, sobem à montanha do seu orgulho e preguiça para estar com o Senhor. Tempo de quaresma é tempo de sairmos do nosso comodismo, das seguranças das nossas planícies para nos aventurar nas alturas das montanhas, para estar mais com o Senhor, intensificar nossa vida de oração, de adoração e de confissão.

Tempo de uma verdadeira conversão pessoal deixando para trás o comodismo das nossas planícies e enfrentando, com ousadia e coragem, a labuta da subida espiritual sem perder de vista o cume, a glória, o céu, pois somente aos que superam as dificuldades da subida lhes são reveladas as verdades divinas.

Pe. Carlito Bernardes Oliveira Júnior
Paróquia Nossa Senhora Rosa Mística
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