Encerramos, hoje, a oitava da Páscoa com a feliz celebração do “Domingo da Divina Misericórdia”, festa instituída por São João Paulo II para toda a Igreja e fundamentada nas revelações de Nosso Senhor a uma santa religiosa polonesa, Faustina Kowalska, nas quais Jesus pedia, com insistência, a instituição de uma festa através da qual todos os pecadores se aproximassem, com plena confiança, do seu Coração Misericordioso, do “abismo” da sua Misericórdia Infinita. Por isso, é concedida indulgência plenária a todos os fiéis que, neste dia, invocarem piedosamente o Senhor Jesus Misericordioso, além das devidas e habituais disposições (confissão, comunhão, oração pelo Papa e desapego de todos os pecados).
A cada ano, lemos o mesmo Evangelho neste dia. Trata-se de umas das primeiras aparições do Ressuscitado aos apóstolos, inclusive Tomé, o discípulo incrédulo, que disse só poder acreditar na Ressurreição de Jesus se pudesse tocá-lo. Temos muitos “Tomés” no mundo que só acreditariam em Deus se pudessem vê-lo. Contudo, existe um outro tipo específico de dúvida que pode ser ainda pior. Nosso Senhor apontava com profundo pesar a Santa Faustina, naquelas revelações, que muito lhe feria o coração a incredulidade dos pecadores que não confiavam na sua Misericórdia Infinita, e dizia: “Ainda que a alma esteja em decomposição como um cadáver e ainda que humanamente já não haja possibilidade de restauração, e tudo já esteja perdido, Deus não vê as coisas dessa maneira. O milagre da Misericórdia de Deus fará ressurgir aquela alma para uma vida plena” (Diário, 1448).
Se não existissem as nossas misérias, não existiria a Misericórdia de Deus! Isso mesmo! Por isso, não há pecado que o homem seja capaz de cometer, que Deus não seja capaz de perdoar. Como diz o Papa Francisco: “Deus nunca se cansa de nos perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir perdão!” São João Paulo II dizia que a única maneira que Deus deixou nessa terra de ouvirmos d’Ele que nossos pecados estão perdoados é o sacramento da Confissão. Esse é o modo mais concreto de “tocar as chagas de Jesus”, como Tomé no Evangelho de hoje.
Não deixemos que nada nos impeça de fazer essa experiência do perdão que custou o Sangue de Deus na Cruz, dizer que algum pecado nosso não tem perdão, longe de humildade, seria um gesto de profundo orgulho: pensar que alguma atitude humana pudesse ser maior que a Ação Divina. Afinal, o que realmente condena uma alma não é o pecado cometido, mas o perdão não recebido!
Pe. João Paulo Cardoso Roma — Itália