Diocese de Anápolis

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11º Domingo do Tempo Comum: Um tempo de paciência

Um tempo de paciência

Estamos em uma época em que dificilmente se espera por alguma coisa de modo paciente. A espera é sempre algo árduo e difícil de suportar, como alguém que vai ao consultório médico e se entedia por aqueles trinta minutos que permaneceu na fila à espera para ser atendido. Esta falta de paciência que se encontra instalada no nosso meio pode ser atribuída a diversos fatores, dentre eles às facilidades trazidas pela tecnologia, que nada têm de mal, pois são fruto do conhecimento do homem, mas que apressando os processos naturais, ou distraindo os homens em seus momentos ociosos, acabam por substituir a paciência que devíamos ter ao enfrentar situações que naturalmente demoram.

Existe um grave problema quando essa pressa da vida natural é aplicada à vida sobrenatural, pois passamos a querer de Deus suas intervenções não no tempo dele, mas tudo a nosso tempo, pois o sistema nos acostumou a apertarmos botões e conseguirmos rapidamente o que queremos. Se estou com fome peço comida pelo aplicativo do meu celular e logo chega o entregador com a comida que pedi, se preciso de transporte peço um carro e muito rapidamente alguém estará na minha porta para me levar ao meu destino, se preciso de determinado material basta um clique em algum site da internet para conseguir comprar aquilo que em poucos dias será trazido ao meu endereço. Vemos uma facilidade instalada, e nessa dinâmica das coisas fáceis pode ser que alguém se pergunte: qual aplicativo uso ou qual botão aperto para alcançar de Deus neste momento o que tanto preciso?

Como se não bastassem as facilidades buscadas, podemos ainda mencionar as exigências almejadas, porque na atualidade a impressão que se tem é que tudo que é bom tem que ser grande e que tudo que é grande parece ser melhor, e então vemos os grandes aglomerados empresariais, grandes supermercados, grandes shoppings, com lojas enormes onde é possível comprar de tudo, e na dinâmica do superlativo vamos perdendo a grandeza do encontro pessoal com um Deus que não liga para o maior e mais impressionante, mas sim para o coração de cada homem.

Quando nos aprofundamos na dinâmica da Palavra de Deus e do Evangelho de Jesus Cristo vamos percebendo que o Senhor prefere o tempo da espera que a falta de paciência, prefere o anonimato à publicidade, prefere a versão fermento, a versão sal e a versão grão de mostarda ao superlativismo. Na Bíblia encontramos que ao contrário da pressa por fazer tudo de uma única vez, “há um momento determinado para cada coisa debaixo do céu” (Ecl 3, 1), que exige de nós a paciência para esperar. Encontramos também que diante do desejo de darem publicidade a Jesus e ao seu ministério, escutaram do próprio Jesus: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim” (Jo 12, 32), mostrando que a maior publicidade que se poderia ter do seu ministério messiânico seria a cruz, ignominiosa aos homens. Quando esperavam uma comparação extraordinária do Reino de Deus, Jesus os deixa estupefatos por comparar o Reino com realidades tão simples como as sementes lançadas à terra para que germinem ou com o grão de mostarda, querendo indicar uma dinâmica interior e silenciosa de crescimento do Reino de Deus, que nada depende dos homens, mas única e exclusivamente do Senhor.

O grande convite é para que façamos um êxodo das realidades com as quais este mundo quer nos aprisionar e que nos lancemos inteiramente não apenas a compreender a dinâmica do Reino de Jesus, mas a entrarmos em sua lógica, transformando nosso modo de pensar e de julgar, saindo dos nossos imediatismos e nos aprofundando naquilo que de fato é essencial. Que prefiramos o anonimato à hipocrisia de vivermos mascarados, mostrando aos outros realidades que não correspondem ao que nós somos, e que prefiramos a aprovação de Deus que a aprovação dos homens para as nossas boas obras, pois só fazendo tudo integralmente para Deus é que teremos o céu se movendo em nosso favor.

O superlativo pode até encher os olhos dos homens, mas apenas a autenticidade enche os olhos de Deus. Quanto mais nos escondermos para que o Senhor apareça, tanto mais autênticos seremos e tanto mais teremos a paciência necessária para entrar na dinâmica do Reino, com ele crescer e favorecer a cada dia a sua silenciosa expansão.

 
Pe. Wilson Mendes da Silva Neto
Paróquia Santíssima Trindade
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