Diocese de Anápolis

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1° Domingo da Quaresma: “Onde fica o deserto mais próximo?”

Começamos o nosso período quaresmal na quarta-feira passada com o rito penitencial das Cinzas. Neste primeiro domingo, somos convidados a olhar como foi a quaresma de Jesus. Ele não precisava de conversão, não tinha pecados e nem podia pecar. O que foi, então, fazer no deserto? São Leão Magno responde: “o Senhor quis padecer o ataque do tentador para nos defender com a sua ajuda e para nos instruir com o seu exemplo”. Jesus sofreu e venceu as tentações na nossa carne para que também nós, unidos a ele, tivéssemos esse poder.

Ir para o deserto com Jesus significa fazer um caminho para dentro de nós mesmos e nos permitir encontrar lá os lugares dos nossos pontos fracos. É o “lugar da provação e da tentação, onde o Tentador, aproveitando a fragilidade e as necessidades humanas, insinua sua voz mentirosa” (Papa Francisco). Nessa luta contra o espírito do mal, percebemos que Jesus, além de uma intensa oração com o Pai, jejuou e se privou de vários prazeres justos. Ele não precisava disso para ter autodomínio, mas nós, ao contrário, precisamos.

Jejum, mortificação e abstinência são dores sim, mas dores de amor, são desconfortos que se tornam um não para o prazer, mas um enorme sim para Deus e para a liberdade da alma, para o equilíbrio entre corpo e espírito. Só é livre aquele que faz o que não quer. Isso mesmo! Quem faz apenas o que tem vontade é escravo dos próprios desejos e inclinações da concupiscência. Mostra que é livre e tem autodomínio aquele que faz não só o que quer, mas o que é preciso. Pobre da alma imatura que ainda não descobriu isso!

Mas o deserto “pode indicar também um lugar de refúgio e de amparo, como foi para o povo de Israel que se livrou da escravidão egípcia” (Bento XVI). Assim como aconteceu com Jesus, quem nos leva para o deserto da quaresma é o Espírito (cf. Mc 1,12) e lá “os anjos o serviam” (Mc 1,13) e ajudam também a nós neste santo combate. Não estamos sozinhos. Lúcifer existe e nos visita nas tentações para nossa perdição eterna. Neste exato momento, ao nosso redor, o nosso anjo da guarda está travando dura batalha contra o demônio e seus anjos rebeldes que querem nos tirar da graça. Não os deixemos lutar por nós sozinhos! Só luta contra o mal aquele que tem consciência do bem que não quer perder.

Por fim, “olhemos para Maria, a fim de obter do seu olhar materno a coragem da conversão. Ela sabe como somos fracos, mas conhece também os infinitos recursos de misericórdia do seu Filho divino” (João Paulo Il). Que ela nos ajude no firme propósito de que esta não seja só mais uma quaresma, mas seja aquela da nossa conversão.

Pe. João Paulo Cardoso
Roma, Itália
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