A palavra soa incômoda, a realidade parece violenta, mas na verdade, a radicalidade do Evangelho choca a todos acomodados que buscam manipular e inventar um Jesus fácil, cheio de amor para dar, um Deus de paz e concórdia que tudo aceita e a todos ama independentemente dos seus atos. Em vários momentos Jesus manifesta sua presença como sinal de contradição diante do mundo, seu ensinamento é renúncia em prol de algo maior, sua doutrina é a santidade de vida e seu seguimento é cruz. A publicidade de Jesus não esconde a verdade por detrás da sua pregação e mostra que viver o Evangelho exige a radicalidade de configurar a vida segundo as Palavras do Redentor.
“Toda escolha exige renúncia”, é impossível imaginar uma escolha sem levar em consideração as renúncias que ela requer. Assim alguém que se casa automaticamente está renunciando a todas as outras possibilidades de relacionamentos conjugais em prol da escolha realizada. Um pensamento tão simples como este, mas tão complexo e difícil no mundo atual, onde as pessoas não conseguem ou não querem arcar com as consequências das escolhas. Uma das características da maturidade é a capacidade que a pessoa adquire com o tempo de se tornar responsável pelas suas escolhas arcando com as renúncias própria desta mesma. Crianças mimadas são aquelas que querem tudo ao mesmo tempo e sofrem e choram porque não alcançam o desejado. Na atualidade, vemos “marmanjos barbados” e “mulheres já formadas” tremendamente mimados porque não sabem abraçar as renúncias próprias de suas escolhas, vivem como crianças mimadas. Como falar de renúncia, de santidade, de Evangelho? Assusta a primeira vista a radicalidade das palavras de Jesus: “Se teu olho te leva a pecar arranca-o, se tua mão te leva a pecar arranca-a….”. Um radicalismo que somente se entende à luz da escolha que fazemos de viver a santidade, de buscar o céu, de querer a Jesus Cristo. Quando escolhemos a Deus, automaticamente devemos dizer não ao pecado e tudo aquilo que nos leva a ele, renunciamos a lugares, amizades, situações e condições que não nos permite segundo a escolha que fizemos. Do contrário nos tornamos católicos mimados que acendem uma vela para Deus e outra para o diabo, dizemos que amamos a Deus na oração, mas vivemos como se Ele não existisse, louvamos a Deus na Missa, mas vivemos como pagãos. Totalmente contraditório e hipócrita aquele que se diz cristão, mas ainda não abraçou a radicalidade do Evangelho na espiritualidade da própria vida.
Deus não nos pede esmolas, não precisa de esmolas, a nossa entrega pessoal realizada como uma verdadeira resposta de fé, exige uma doação total e absoluta, e somente seremos totalmente de Deus se somos conscientes das renúncias que devemos fazer na nossa vida. A Deus nós não enganamos e Ele não se deixa enganar, se fizemos nossas escolhas, sejamos maduros e abracemos a radicalidade do Evangelho, pois “com Deus não se brinca, quem não deu tudo, não deu nada” (Pe. Leonel Franca).
Pe. Carlito Bernardes Júnior Paróquia Divino Pai Eterno - Anápolis