O Papa Francisco prosseguiu o ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, na Audiência Geral, desta quarta-feira, 16, que teve como tema “Deus não faz diferença entre as pessoas. Pedro e a efusão do Espírito Santo sobre os pagãos”.
“A viagem do Evangelho no mundo, que São Lucas narra nos Atos dos Apóstolos, é acompanhada pela suprema criatividade de Deus, que se manifesta de forma surpreendente”, introduziu o Santo Padre. O Pontífice prosseguiu: “[Deus] deseja que os seus filhos superem toda particularidade para se abrirem à universalidade da salvação. Esse é o objetivo, pois Deus quer que todos sejam salvos”.
Aqueles que renasceram da água e do Espírito são chamados, de acordo com o Papa, a saírem de si mesmos e se abrirem aos outros, a viverem a proximidade, o estilo do viver juntos que transforma toda relação interpessoal em experiência de fraternidade.
Pedro é testemunha desse processo de “fraternização” que o Espírito quer desencadear na história, apontou Francisco. Como protagonista nos Atos dos Apóstolos junto com Paulo, Pedro vive, segundo o Pontífice, um evento que dá uma virada decisiva na sua existência: “Enquanto reza, tem uma visão que é como uma provocação divina que desperta nele uma mudança de mentalidade”.
“Ele vê uma toalha grande, que desce do alto com vários animais – quadrúpedes, répteis e pássaros – e ouve uma voz que o convida a comer aquelas carnes. Como um bom judeu, Pedro reage, dizendo que nunca comeu nada de impuro, conforme pedido pela Lei do Senhor. Então, a voz rebate com força: ‘Não chame de impuro o que Deus purificou’. (…) Com esse fato, o Senhor quer que Pedro não avalie mais os eventos e as pessoas de acordo com as categorias de puro e impuro, mas que aprenda a ir além, a olhar a pessoa e as intenções de seu coração”, completou Francisco.
O Papa advertiu: “O que torna o homem impuro, de fato, não vem de fora, mas de dentro, do coração. Jesus disse isso claramente”. Depois dessa visão, o Santo Padre relata que Deus envia Pedro à casa de um estrangeiro incircunciso, Cornélio, “centurião da corte chamada itálica, religioso e temente a Deus”, que dava muitas esmolas ao povo e orava sempre a Deus, mas não era judeu.
Naquela casa de pagãos, Pedro prega Cristo crucificado e ressuscitado, e o perdão dos pecados a quem n’Ele crê. Enquanto Pedro fala, o Espírito Santo desce sobre Cornélio e seus familiares. Pedro os batiza em nome de Jesus Cristo, contou o Pontífice.
“Esse fato extraordinário fica conhecido em Jerusalém, onde os irmãos, escandalizados pelo comportamento de Pedro, o repreendem severamente. Pedro fez algo que estava além do costume, além da lei! Por isso, eles o censuram”, sublinhou o Papa, que prosseguiu: “Depois do encontro com Cornélio, Pedro está mais livre de si mesmo e mais em comunhão com Deus e com os outros, porque viu a vontade de Deus na ação do Espírito Santo. Ele entendeu que a eleição de Israel não é a recompensa pelo mérito, mas sinal do chamado gratuito para ser mediação da bênção divina entre os povos pagãos”.
Francisco convidou os fiéis a aprenderem com Pedro: “Um evangelizador não pode ser um empecilho para a obra criativa de Deus que quer que todos se salvem, mas alguém que favoreça o encontro dos corações com o Senhor”. Em seguida, o Santo Padre perguntou: “Como nos comportamos com os nossos irmãos, sobretudo com aqueles que não são cristãos. Somos um empecilho para o encontro com Deus? Somos um obstáculo para o seu encontro com o Pai ou o facilitamos?”.
“Peçamos a graça de nos deixar surpreender pelas surpresas de Deus, de não impedir a sua criatividade, mas de reconhecer e favorecer os caminhos sempre novos pelos quais Cristo Ressuscitado derrama o seu Espírito no mundo e atrai os corações”, concluiu o Pontífice.
Fonte/foto: Vatican News