Festa de aniversário
Na liturgia celebramos um mistério atualizando-o, de maneira que ao celebrar o nascimento do Senhor não celebramos simplesmente um ano a mais, pelo contrário, atualizamos aquele mesmo evento ocorrido a mais de dois mil anos atrás, revivemos aquele mesmo acontecimento por meio da celebração, este é o grandioso mistério por detrás das celebrações litúrgicas. O Natal do Senhor é muito mais que um mero aniversário de Jesus, é a atualização do mesmo nascimento do Senhor por meio da celebração litúrgica. Entretanto, por mais que seja uma atualização litúrgica, não deixa de ser uma comemoração de um nascimento. Na ação litúrgica das celebrações saímos do tempo para vivenciar aquela mesma realidade de Belém, e dentro do nosso tempo presente, inseridos em nossa época determinada, somos chamados de uma forma temporal a celebrar o nascimento de Jesus como um aniversário especial e uma festa sem igual.
Nas festas de aniversário encontramos vários tipos de pessoas, de diferentes lugares, estilos diversos, grupos separados, rodinhas por afinidades… Mas tipicamente encontramos três tipos de pessoas: Os penetras: são aqueles que foram convidados pelo primo do conhecido do amigo do cunhado do aniversariante, aqueles que não tem nada a ver com a festa, não sabe nada do aniversariante e nem se interessa por ele, quer o bolo, comer alguma coisa, colocar no bolso algum doce e ir embora. Assim são muitos no Natal, penetras, vivem o Natal, festejam, bebem, comem e se divertem, mas não dão a mínima para o aniversariante, querem a festa, não o dono da festa. Os curiosos: são aqueles que se apegam aos detalhes, observam os enfeites, elogiam o lugar, criticam as roupas, mas não ajudam em nada na festa, talvez chegam a felicitar o aniversariante, mas no fundo não lhes importam quem é o aniversariante, o importante são os detalhes. Estes são tantos cristãos que enfeitam suas casas, armam presépios, árvores de natal, compram presentes, mas não vão na missa, não rezam, não se preocupam com o aniversariante, para eles o mais importante são os detalhes externos dos adornos e não o aniversariante. A família: estes são aqueles que estão por detrás de toda a festa, uma semana correndo atrás de tudo, na cozinha preparando a comida, nas mesas servindo, sem dormir enfeitando… são aqueles que trabalham para a alegria do aniversariante, sua alegria é ver o homenageado feliz e quando cantam os parabéns até se colocam junto dele atrás do bolo, se importam com fazer a festa para o aniversariante. Assim devem ser a vivência do Natal de todo batizado, ser da família, sabendo que o importante não é estar feliz, mas fazer o aniversariante feliz, e nisso perceberá que é na felicidade do aniversariante que a família encontra a sua própria felicidade.
Dentro do nosso tempo e segundo nossa realidade, quem somos nós diante dessa festa de aniversário? Expulsemos nossa vergonha fruto do orgulho e busquemos celebrar no nosso tempo algo que transcende o próprio tempo: O Verbo eterno que se faz carne e que habitou, e habita entre nós (cf. Jo 1,14).