Diocese de Anápolis

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No Natal, não deixar que consumismo roube o lugar de Jesus

 

O ato de presentear é muito comum, sobretudo em datas e períodos festivos. A psicóloga e doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica (PUC – SP), Andreza Maria Neves Manfredini, afirma que há estudos que afirmam que presentear é considerado um ritual muito valorizado entre os brasileiros. “Simboliza passagem e união”, explicou.

Faltando três dias para o Natal, a psicóloga observa que o ato de dar presentes é um costume que faz parte da festividade no Brasil. Pároco da Igreja Nossa Senhora Aparecida e São Expedito – localizada em Lorena (SP), padre Luiz Gustavo Uchôa frisa que o gesto de presentear é muito bonito, pois demonstra consideração e valorização das pessoas. “Nesse gesto manifestamos nosso carinho, nosso afeto, e isso é precioso”.

“Não podemos nos esquecer de que este momento de troca de presente tem a finalidade de nos aproximar uns dos outros, de rever valores importantes na vida cristã. Devemos sempre nos preocupar em ressaltar que tudo que fazemos deve ter em vista a presença de Jesus em nossas vidas”, sublinhou o sacerdote.

Consumismo

Em seus votos para o Natal deste ano, o Papa Francisco chamou a atenção para uma questão que ultrapassa a compra saudável e consciente: o consumismo. Na Catequese de uma das Audiências Gerais deste mês de dezembro, o Santo Padre pediu um Natal menos consumista e mais religioso, mais autêntico e mais verdadeiro.Padre Gustavo destaca que, de fato, a sociedade vive tempos marcados pelo consumismo. “Entretanto, como cristãos, não devemos nos pautar nos valores de mercado, do comércio, da troca por interesse. Por isso o Papa Francisco ressalta que o consumismo é um grande perigo. Uma vez que pode mascarar aquilo que é o essencial da espiritualidade cristã: Jesus Cristo”.

“Jesus é o maior dom e o maior presente que se dá a nós gratuitamente. Quando temos clara a nossa fé, não nos deixamos levar pelos interesses mundanos, temos a clareza que nos basta o Senhor”, reforçou.

O consumismo desenfreado afeta a vida dos cristãos, segundo o sacerdote, à medida que rouba o lugar de Jesus Cristo. “Tendo em vista o tempo do Natal, muitos cristãos se preocupam demasiadamente com enfeites, presentes e outros afazeres que, por vezes, os afastam daquilo que é próprio da nossa fé. Os aspectos mundanos acabam tirando Jesus do centro do Natal. O consumismo e o desejo de comprar pode nos afastar de Jesus”.

“Não convém que um cristão seja consumista. Este perigo rouba o lugar de Jesus.” – Padre Gustavo Uchôa

A psicóloga denota que o consumismo é um consumo exagerado. “Consumir todos precisam, mas consumir em excesso vira consumismo”, complementou. Andreza aponta que hoje, com a grande adesão às redes sociais, todos estão conectados, e isso ajuda na compra pela facilidade e comodidade.

“Mais da metade da população está endividada. Muitos refletem sobre suas compras, depois que as efetuam. Há uma propaganda extremamente apelativa e sedutora por trás das redes, a qual atinge crianças, adolescentes, adultos e idosos”, alertou.

Distúrbio

A psicóloga recorda que, neste tempo de pandemia, foi constatado que as compras on-line cresceram vertiginosamente, e isso deu força para o ato de comprar. Andreza alertou que o consumismo exacerbado pode levar a um distúrbio denominado “oniomania”.

“É um transtorno, uma compra compulsiva, extremamente sem planejamento, impulsiva. A pessoa vai comprando sem parar, não há um motivo para efetuar a compra e as iniciativas são diversas. É uma compulsão que gera acúmulo de coisas materiais. Isso afeta diretamente a saúde mental e financeira da pessoa e da sua família”, relatou a psicóloga.

Andreza esclarece que o distúrbio precisa ser tratado com o acompanhamento de um psicólogo e psiquiatra, e geralmente é desencadeado por um sofrimento ou uma dor.

“A compra compulsiva acontece para sanar um sofrimento que não será superado desta forma. Há casos em que as pessoas perdem casas, bens a partir de um endividamento por compras compulsivas.” – Psicóloga Andreza Neves 

Consumo consciente

“Presentear faz bem, é importante e valorizado na nossa cultura. Mas o importante da compra é que ela seja planejada, organizada a partir do orçamento familiar”, ensina a psicóloga Andreza Neves.

Quando a família não dispõe da condição de comprar presentes, a profissional indica a importância do diálogo para que outras formas de presentear sejam encontradas. “Você mesmo pode fazer um presente, doar algo, reciclar coisas que já tenha ou reformar alguma coisa ou material, fazer uma comida. Existem outras formas que não precisam do uso do dinheiro para presentear”.

Valorização das pessoas e das pequenas coisas

Neste tempo de pandemia, padre Gustavo sublinhou que homens e mulheres aprenderam a dar valor ao que realmente é precioso: família, amigos, fé, comunidades cristãs. “As compras, o comércio, não devem estar em primeiro lugar. Aprendemos que é possível viver de maneira simples, em que o pouco seja suficiente”.

A psicóloga reforçou que o período de crise reforçou a importância da proximidade, da valorização de coisas que não podem ser compradas, como o afeto, o abraço, a presença. “O consumismo é uma pandemia, e há anos vivemos essa pandemia do consumismo”.

O sacerdote recordou que o coração do cristianismo é a caridade. “Deus é amor, nos ensina São João. Enquanto cristãos, precisamos dar um autêntico testemunho da fé, sabendo fazer a diferença, não nos deixando levar pelo consumismo desenfreado que em nada nos revela Jesus Cristo. Devemos ser capazes de viver a caridade, pois é aí que o Senhor se manifesta: quando ajudamos os pobres e necessitados, visitamos enfermos, fazemos a diferença na vida de alguém. Façamos a diferença e deixemos de lado o consumismo, abraçando o mandamento de Jesus: ‘Amai-vos uns aos outros como eu vos amei’”.

Fonte/foto: Canção Nova

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