Várias vezes e em muitas ocasiões escutamos ou lemos algo sobre a alegria que Deus nos dá, que a fonte da verdadeira alegria está em Cristo, da alegria de viver a fé católica, a felicidade de ser de Deus… Mas, que tipo de felicidade é essa? Falamos tanto de felicidade na Igreja Católica, mas poucas vezes explicamos que tipo de felicidade que se trata.
Essa felicidade não é simplesmente uma ausência de problemas. Temos uma enorme capacidade para os problemas e se não temos inventamos; os problemas sempre vão nos acompanhar. A felicidade que a Igreja nos propõe não é uma ausência de sofrimentos, os sofrimentos fazem parte da nossa vida, se esperamos o dia de não termos sofrimentos para sermos felizes, raras vezes seremos felizes. A felicidade proposta não é uma consequência de uma piada, cheia de gargalhadas que rapidamente são abafadas. Tampouco a felicidade que se fala na Igreja é resultado de uma festa ou da embriaguez, fútil e superficial, que se esvanece e desaparece com o volume da música. Que felicidade é essa então de que tanto se fala, mas poucas vezes se explica?
É verdade que costumamos identificar aalegria ou felicidade por experiências pessoais e cotidianas e transferimos o conceito de felicidade à experiências de um sentimentalismo em situações específicas do dia a dia. E de maneira automática, quando se fala de felicidade identificamos como uma ausência de problemas ou sofrimentos, estar sempre rindo ou estar numa festa. Mas, a felicidade proposta pela Igreja vai além de um sentimentalismo barato ou um sorriso passageiro e efémero, provém da paz de consciência diante de Deus e diante dos homens, é a serenidade que brota de uma consciência limpa, a tranquilidade de estar bem com Deus e com os homens, uma consequência da prática do amor a Deus e ao próximo. A felicidade apresentada na Igreja é fruto da presença divina que mesmo diante dos problemas e sofrimentos nos dá a certeza de nos torna capazes de enxergar mais além, e mesmo nas depressões, desilusões e frustrações nos consola, anima e fortalece. Uma felicidade que não se fundamenta na ausência de problemas e sofrimentos, que não se baseia nos sentimentalismos passageiros das gargalhadas, mas se solidifica na consciência justificada e se perpetua na presença divina. Essa é a felicidade proposta pela Igreja.
A pergunta é pertinente e atual: “que temos que fazer?” (Evangelho, Lc 3). A resposta tão clara como a luz: buscar o Senhor, estar perto do Senhor (cf. 2ª leitura), limpar nossa consciência diante de Deus por meio de uma boa confissão, pedir perdão aos nossos irmãos, compartilhar do pouco que temos com o próximo. A reconciliação é a melhor forma de se preparar para o Natal, superando a vergonha do confessionário e vencendo o medo depedir perdão, perdoar e ser perdoado. Assim, viveremos esse Advento segundo o que queremos celebrar no Natal: em paz, na presença de Deus e dos nossos entes queridos. Assim, encontraremos a felicidade que tanto buscamos e dizer como São Paulo: “alegrai-vos no Senhor, repito, alegrai-vos” (cf.Flp 4).
Pe. Carlito Bernardes Paróquia Divino Pai Eterno