Diocese de Anápolis

Diocese de Anápolis

Diocese de Anápolis

12º Domingo do Tempo Comum: “Sem turbulências? Sinal de que você entrou na barca errada!”

A liturgia de hoje nos mergulha no episódio da “tempestade acalmada”. Com fé e abertura, queremos olhar através dele para uma dupla realidade da nossa vida.

A barca da Igreja, como nos primeiros séculos, sofre mais provações e perseguições do que imaginamos (inclusive dentro dela mesma). Isso pode passar a impressão de que logo irá naufragar nas ondas turbulentas desse mundo, como afirmam muitos estudiosos hoje em dia, ou de que ela está sempre “por um fio”. Os de fora e tantos de dentro, que pensam da mesma forma, estão olhando mais as ondas que dão contra a barca que o verdadeiro comandante que a guia. E é para estes que Nosso Senhor diz: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”

Ele prometeu que estaria conosco até o fim dos tempos e as portas do inferno jamais iriam prevalecer (Cf. Mt 28,20; 16,18). A batalha acirrada sempre existiu e sempre existirá. E quando nossa fé católica, o que ela ensina e defende, for posta à prova, lembremo-nos das palavras de São João Paulo II: “Devemos defender a verdade a todo custo, mesmo que voltemos a ser doze!” Na verdade, essas “turbulências” são um bom sinal. O evangelho diz que “haviam ainda outras barcas” (plural), mas deixa claro que “as ondas se lançavam dentro da barca” (singular), ou seja, daquela em que Jesus estava. As outras, talvez, só olharam de longe tudo acontecer. Nosso capitão não esconde o roteiro da viagem: sem as turbulências desse mundo, não se chega ao porto da eternidade; sem cruz, sem ressurreição.

Na mesma linha de raciocínio, percebemos que as tempestades não atacam só a Igreja, mas a cada um de nós: desânimos, quedas, desavenças em casa, falta de emprego, diagnóstico que faz temer pela saúde física e mental nossa ou de quem amamos… Ao nos sentirmos assim, é preciso lembrar que, como homem, Jesus dormia naquela barca pelo cansaço de um dia inteiro pregando, mas, como Deus, não dorme jamais.

É necessário o diálogo com ele na oração, quem sabe, até o ponto de gritar: “Senhor, salva-me! Estou perecendo e tu não te importas?”. Nosso Senhor, talvez, só esteja esperando esse grito da alma para nos mostrar que o seu silêncio não é indiferença, mas convite ao abandono e a fé; que assim como esperava confiança dos apóstolos não depois, mas durante a tempestade, espera também a nossa. Então, quando o mar bravio do desespero tentar afundar a paz da nossa alma, poderemos ouvir o Senhor que diz: “Aqui, cessa a arrogância de tuas ondas” (Jó 38,11 – 1ª leitura), e nós poderemos dizer: está comigo, sempre acordado e velando por mim, “aquele a quem até o vento e o mar obedecem” (Mc 4,41).

Pe. João Paulo Cardoso de Morais
Roma — Itália
Rolar para cima