Diocese de Anápolis

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“Amados e chamados por Deus”, Dom Odelir José Magri fala sobre Mês Vocacional

 

Nestes tempos de pandemia, revisitei o livro “A vida é missão” do Pe. Luis Mosconi. E foi inspirado em algumas reflexões deste livro e no tema do mês vocacional deste ano, que trabalhei essa reflexão que partilho com vocês.

“A Bíblia é a revelação escrita de que “Deus é missão”; ela nos comunica a missão de Deus. Missão é o eixo da Bíblia, do começo ao fim. Ao ler qualquer trecho, a pergunta básica é: como aparece nesse trecho a missão de Deus? Portanto, uma leitura fiel da Bíblia deve sempre levar em conta o seu fio condutor: “Deus é missão”. Ela deve ser o fundamento da missão da Igreja e dos seguidores de Jesus, hoje”. (A vida é missão, Pe. Luis Mosconi, p.82).

Se Deus é missão e se a missão de Deus é o fio condutor da Bíblia, então o encontro com a Bíblia, Palavra de Deus, deve ser uma fábrica de missionários e missionárias. “VÁ, VÃO” são as palavras de ordem, que vêm de Deus, dirigidas aos que fizeram aliança com Ele. É uma ordem que atravessa toda a Bíblia: “Vá, eu envio você ao faraó” (Ex 3,10), disse Deus a Moisés. “Vá, e diga isso a esse povo” (Is 6,9), disse Deus ao jovem Isaías.  Ao jovem Jeremias, que queria ser simplesmente um levita-catequista na sua vila de Anatot, sem se preocupar com a situação dramática do país, Deus lhe falou com firmeza: “Arregace as mangas, levante-se e diga a eles tudo o que eu mandar. Não tenha medo. Vá e grite aos ouvidos de Jerusalém…” (Jr 1,17; 2,1). Jesus, ao fazer um teste missionário com seus primeiros discípulos, disse-lhes: “Vão!” (Lc 10,13). E na hora da despedida, antes da ascensão, deu nova ordem: “Vão pelo mundo inteiro” (Mc 16,15). Enfim, após a ressurreição, quando apareceu aos discípulos na Galileia, Jesus lhes disse: “Vão, portanto, e façam que todas as nações se tornem discípulas, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (…). Eis que estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 19-20).

Discípulos missionários de Jesus de Nazaré, hoje

O que significa hoje ser cristãos católicos? Prestar culto a Jesus Cristo, receber os sacramentos, pertencer a uma comunidade cristã, aceitar as normas e leis da Igreja, devolver o dízimo e MUITO MAIS. Ser cristão é na verdade um estilo de vida, é um jeito de ser.

Para que Jesus de Nazaré não seja somente uma lembrança saudosa do passado, há um só caminho seguro: tornar-nos seus discípulos. Trata-se de ter “os mesmos sentimentos que havia em Jesus” (Fl 2,5). Isso não significa copiar ao pé da letra a vida de Jesus. É ter, isso sim, seu mesmo estilo de vida, suas mesmas opções, atitudes e motivações. É a espiritualidade do seguimento de Jesus, básica para todo cristão. É um estilo de vida, que se vive a partir das nossas situações concretas, no mundo de hoje, um mundo feito de grandes anseios, de fragilidades espantosas, de medos e esperanças, de oportunidades, de sonhos e lutas. É o mundo do consumismo, do individualismo, da especulação financeira, do desemprego, da corrupção generalizada, da força das fake News (mentiras), da pandemia e também das lutas por um outro mundo diferente e melhor. Os discípulos de Jesus não são seres virtuais, fazem parte desse mundo e buscam viver a fé em meio a todos esses desafios, ao estilo de Jesus.

Sem seguimento de Jesus de Nazaré, há riscos de espiritualismo, uma mistura genérica de religiosidade, de gestos, de ritos vazios. O seguimento de Jesus dá sentido à vida, aos sacramentos, às celebrações, à moral, às lutas e à vida e à missão da Igreja.

Vale recordar que a pandemia nos ajudou a tomar consciência também de alguns dos nossos limites no seguimento de Jesus.  A compreensão mais comum do ser cristão hoje se resume em participar do culto ou da santa missa e garantir que os filhos frequentem a catequese. Ou seja, nossa identidade eclesial está basicamente centrada no culto e na catequese. Nesse período de isolamento social, qual foi o pedido mais insistente dos nossos católicos? Não foi a volta das celebrações? Não estou dizendo que isso não seja importante, mas é urgente colher os questionamentos e provocações destes sinais para nossa ação evangelizadora. É urgente nos perguntarmos, por exemplo, como fazer para que a riqueza de toda a vida litúrgica da Igreja seja alimento consistente no cotidiano de nossa vida? É imprescindível redescobrir como alimentar a vida de fé com a Leitura Orante da Palavra de Deus. É fundamental assumir a caridade contínua como parte integrante da nossa fé, assumindo ações que geram experiências de solidariedade e do cuidado da VIDA. Ou seja, é nesta perspectiva que o “Deus que é missão”, não cessa de nos chamar para estar com Ele em missão (Mc 3,14). Isso deveria carimbar a identidade e o estilo das nossas vocações.

“És precioso aos meus olhos… Eu te amo” (Is 43,4). Somos amados e chamados por Deus a participar da sua missão. Que neste mês de agosto, em tempos de pandemia, possamos rezar e proclamar este convite a todos os filhos e filhas de Deus. Sem esquecer que isso exige dar um passo corajoso, assumir uma ação evangelizadora que coloque em primeiro lugar o seguimento de Jesus de Nazaré. “Se nós não testemunharmos Jesus Cristo, nos converteremos em uma pia ONG”, disse Papa Francisco aos 114 cardeais que o haviam eleito no dia anterior (14/03/2013). E aos seis mil jornalistas, presentes no evento histórico, disse: “O centro é Cristo, e não o sucessor de Pedro”.

Fonte: CNBB

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