Os dois eixos estruturadores da celebração da Santa Missa são a Palavra e a Eucaristia, que, embora recebam a mesma veneração, não recebem o mesmo culto (cf. Introdução ao Lecionário da missa, n. 10), pois à Santíssima Eucaristia se deve dar o máximo culto, a adoração (latria). No santo sacrifício da missa tudo se encaminha para o grande momento onde o pão e o vinho serão transformados no Corpo e no Sangue do Senhor. Nesse momento, quando o Espírito Santo vem e são ditas as palavras da consagração sobre o pão e sobre o vinho, a assembleia toda se ajoelha e adora. A maneira correta de proceder no momento da consagração é esse mesmo: ajoelhar-se! A Igreja diz assim: “ajoelhem-se, porém, durante a consagração, a não ser que, por motivo de saúde ou falta de espaço ou o grande número de presentes ou outras causas razoáveis o não permitam” (IGMR, 43).
Gostaria de insistir na adoração porque – como diz o dogma católico – o Senhor Jesus permanece na Eucaristia consagrada enquanto perdurarem as espécies do pão e do vinho. Logo após a comunhão, as hóstias consagradas que sobraram são guardadas no Sacrário para serem levadas aos enfermos e para que os fiéis adorem frequentemente o Senhor. Nesse sentido, lembro-me do gesto tão belo de Bento XVI na Jornada Mundial da Juventude de 2005, que foi em Colônia (Alemanha): quando o Papa chegou à Catedral, juntou as mãos e dirigiu-se apressadamente ao Sacrário no qual estava Jesus e adorou. Assim também deveríamos comportar-nos ao entrar na igreja: ir cumprimentar imediatamente o “dono da casa”, Jesus, que está no Sacrário.
Já que o Sacrário ou Tabernáculo é o lugar onde reservamos as hóstias consagradas, isto é, o próprio Jesus Cristo sacramentado, procuramos que esse objeto seja digno, sólido, inamovível, não transparente e suficientemente amplo (cf. IGMR, 314). A piedade cristã sempre gostou de fazê-lo com material nobre, dourado ou prateado; procurou também colocar a serviço dessas “casinhas” de Jesus a capacidade artística de várias pessoas. Não critiquemos a riqueza dos nossos sacrários. Pessoalmente falando, não tenho nenhum escrúpulo em gastar muito para comprar um sacrário belo. O sacrário é casa de Deus, lugar por excelência de nossa oração pessoal. Seria tão bom se fizéssemos todos os dias uma visitinha a Jesus, pois ele nos espera no Sacrário. Já que o sentar-se à direita ou à esquerda de Jesus compete àqueles a quem o Pai quis (cf. Mc 10,40), podemos ao menos ajoelhar-nos a seus pés e pedir-lhe que nos conceda estar eternamente em sua presença.
Pe. Dr. Françoá Costa