Diocese de Anápolis

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Reflexão: Sagrada família de Jesus, Maria e José

A sociedade moderna nos apresenta realidades discrepantes, nos deparamos com normalidades absurdas e absurdos normalizados. O natural se transformou em contraditório e a exceção se transforma em regra; a minoria, pela gritaria, alcança o valor de maioria e a maioria, pelo silencio, se atribui o valor minoritário. Uma completa confusão contraditória, uma bagunça existencial, uma desordem moral, uma ditadura dramatizada. Diante dessa realidade tão inóspita de valores verdadeiramente cristãos, falar de família, desde o âmbito cristão, é correr o risco de ser cancelado, ser processado, julgado e criticado.

A lógica de que o óbvio não precisa ser explicado, porque está claro por si só, não se aplica à realidade de família, o que antes parecia ser obvio na constituição familiar (pai, mãe e filhos), agora parece ser absurdo, antiquado e retrógrado. A normalidade familiar formada por homem e mulher e dessa união de amor a geração dos filhos está sendo colocada em xeque por uma minoria que tenta regulamentar a exceção. O fato de tantas famílias não vivenciarem o projeto natural daquilo que Deus escreveu no mais profundo do coração humano, não significa que se deva perverter ou reverter a obviedade familiar.

Não é porque exista tantos divórcios ou uniões irregulares ou homo afetivas, que devemos silenciar o ideal familiar proposto por Deus e inscrito no coração humano. Não é porque um bolo não deu certo que devemos mudar a receita. Não é porque tantas famílias não deram certo que devemos mudar sua constituição ou permitir remendos e gambiarras em prol de um amor cego, banal e libertino. O projeto natural de família vai além de um querer humano ou judiciário, é aquilo que Deus quer, é a vontade divina que se prevalece sobre os projetos humanos.

E por mais que a sociedade tente dramatizar, normalizar e canonizar um estilo de família que foge do projeto natural querido por Deus, a fé cristã continuará propondo, rezando e idealizando aquilo que é obvio e que é ressaltado pela Sagrada Família: homem, mulher e filhos. E por mais que a sociedade moderna tente enfiar goela abaixo um estilo diferente de família, continuaremos, como bons cristãos, idealizando o modelo de Nazaré. Ninguém é obrigado a ser católico, mas se é católico cristão deverá abraçar tudo aquilo que é próprio da fé.

Não somos retrógrados ou intransigentes, apenas verdadeiros cristãos que preferem “obedecer mais a Deus que aos homens” (Atos dos Apostolos 5,29). Na atualidade cada vez mais paganizada, muitos pedem amor, mas vociferam ódio, querem tolerância, mas são intoleráveis, exigem respeito, mas só agridem, buscam aceitação, mas não aceitam nada que seja diferente deles. Se incomodam até com o Evangelho pregado na Igreja, preferem atacar do que aceitar, julgar que rezar, criticar que ignorar. A tolerância evangélica abraça o pecador, mas não oculta a verdade do pecado.

Se o mundo vive uma realidade de família alheia ao Evangelho ou se o judiciário permite diversas formas de “família”. Respeitamos, mas não nos silenciamos diante do projeto originário querido por Deus e pregado pela nossa fé. A vivência do cristianismo é uma verdadeira tolerância intolerável: praticamos a tolerância com quem não quer viver os projetos de Deus, mas recebemos intolerância de quem não quer escutar a verdade da fé. Contudo, a verdade evangélica jamais pode ser ocultada pelo medo das perseguições, jamais pode ser silenciada pelas críticas alheias, a Palavra de Deus deve ser anunciada “oportuna e oportunamente” (2Tim 4,2), porque se calarmos, “as pedras gritarão” (Lc 19,40).

Pe. Carlito Bernardes Oliveira Junior
Paróquia Rosa Mística
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