Na liturgia 12o domingo do Tempo Comum, somos confrontados com uma das realidades mais dolorosas que fazem parte da condição humana: o medo. Desde a nossa mais tenra idade, somos atormentados por nossos temores. Quando crianças, temos medo do bicho debaixo da cama ou daquele que vem para nos levar se não nos comportamos.
Na juventude, tememos a nós mesmos; somos, não raras vezes, agressivos; sofremos demasiadamente p. ex. por causa do namoro. Mesmo na maturidade da vida adulta, encontramos fantasmas que nos fazem tremer: medo do futuro, medo da morte, a angústia pelo que pode nos acontecer até amanhã.
Todos esses nossos receios têm sua raiz mais profunda no pecado. O bálsamo que nos cura e protege dessa ferida é a graça de Cristo, garantida a nós hoje pelas reconfortantes palavras:
“Não tenhais medo”. As pessoas dizem isso pra se animarem umas às outras, mas sabemos que, na boca de um ser humano, limitado e medroso como nós, isso constitui um conforto muito pobre. Mas, ouvir isso da boca do Redentor, tem outro peso. Temos o costume de trazer conosco o seguinte dito popular: pra tudo na vida tem jeito, menos … pra morte! Pois é, até pra morte Cristo “deu jeito” com sua Ressurreição.
Esse Deus vitorioso sobre o pecado e morte é o mesmo que nos garante estarem contados todos os fios de cabelo da nossa cabeça, sinal do amor e do cuidado que ele tem por cada um de nós. “Deus formou o coração de cada um e por todos os seus atos se interessa” (Sl 32,15). Cristo não ignora o
nosso medo! Se é importante pra nós, é importante pra ele também.
Apenas não nos esqueçamos do porquê Nosso Senhor ofereceu tanta certeza de proteção e consolo aos discípulos: “todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai”. Torna-se quase uma condição não ter medo ou vergonha de dar testemunho da nossa fé em nossa casa e fora dela, “proclama-la sobre os telhados” como nos convida o Evangelho. Não tenhamos medo, mas um “santo temor” (um dos sete dons do Espírito) de negar esse Amor que tem nosso destino eterno nas mãos.
Pe João Paulo Cardoso