Diocese de Anápolis

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Meus Sete Hábitos

Antônio Gómez Martinez é o autor de um livrinho chamado “Cartas dos Amigos de Cristo” e, entre as várias cartas imaginadas, há uma que é do jovem rico ao apóstolo João. Transcrevo um parágrafo para que sirva de reflexão: “Não piorei nem melhorei, embora não me atreva a dizer que sou o mesmo; perdi o entusiasmo porque o pus só em mim, e acabei por descobrir que sou muito pouca coisa, e que tudo o resto é nada. Esperava que Jesus me animasse a continuar em frente tal como era, que até me felicitasse ou, quando muito, me pedisse alguma boa ação; não cumpria eu toda a Lei desde a minha infância?”

Bom, chega de tanta introdução! A sua resposta foi positiva e isso me alegra muito. Agora, você sabe o segredo da santidade? Não preciso dizer em voz baixa, na verdade eu gostaria que todos me escutassem: o segredo da santidade é a oração e a penitência, são as duas pernas da vida espiritual, ao deixar uma dessas duas de lado se manca, falta uma perna, tal pessoa seria como uma espécie de saci-pererê… você se lembra daquela figurinha folclórica de uma perna só? Não podemos ser coxos, espiritualmente falando.

As coisas, porém, não podem ficar por aqui. Vou indicar a você alguns hábitos de vida espiritual que pouco a pouco você poderá ir praticando, se trata de um pequeno plano de vida espiritual. Um plano? Sim, um plano. Nós queremos alcançar uma meta, a santidade e, para alcançá-la, necessitamos de um plano, do contrário nos perderíamos no caminho. Mas, não será uma perda de tempo? Olhe, se você observar a vida dos santos, de uma maneira ou de outra, todos eles viveram o que eu lhe proporei daqui a pouco, creio que a experiência de tantos homens e de tantas mulheres santas fala por si mesma que não é uma perda de tempo. A verdade é que as pessoas que têm um plano, que têm determinados horários, que são organizadas… não perdem tempo! Os desorganizados, sim, os bagunceiros, sim, perdem muito tempo.

Vamos lá, aos nossos hábitos. Ah, para que se tornem de verdade “hábitos”, é necessário que sejam praticados durante muitos dias sem falhas, já que os hábitos são o resultado da repetição de certos atos. Quando já são hábitos, viram uma necessidade da própria vida. Esses, por se tratarem da vida da alma, são até mais importantes do que comer ou dormir… pense bem!

1. O que você faz ao se levantar? Ou melhor, você se levanta na hora certa? Vive o que poderíamos chamar de “minuto heróico”? É uma primeira pequena penitência a ser oferecida a Deus: levantar-se sempre na hora certa, 06:30h não são 06:31h, de acordo? É preciso vencer-se logo no primeiro momento, sem preguiça. Agora sim, o que você faz depois? Coloca os pés no chão, escova os dentes, se arruma. Bom, antes disso, logo após levantar-se na hora exata, ajoelhe-se e ofereça a Deus o seu dia, pode ser com as suas próprias palavras. “Meu Deus, que todos os meus pensamentos, todas as minhas palavras, todas as minhas ações sejam para vós, para a vossa glória e para o bem dos irmãos, pela intercessão de Nossa Senhora. Amém.”

2. Vamos ao segundo hábito: 15 minutos de oração mental, a meditação. Como se faz? Muito simples: abra o Evangelho nalguma passagem, pode ser o Evangelho que a Liturgia nos propõe para esse dia ou outro plano de leitura que você tenha, e leia atentamente, depois pare um pouco, imagine-se dentro do Evangelho, naquela cena, ao lado de Cristo, dos Apóstolos, você passou a ser um personagem a mais, converse com Cristo, fale a Ele sobre tudo e sobre todos, tudo o que está no seu coração. Não enfeite as palavras, seja você mesmo, mostre as suas misérias, os seus desejos, as suas inquietações. Se você quiser até poderá acrescentar outros 15 minutinhos pela tarde. Trata-se de fazer oração, conversar com Deus, de tratar com intimidade o Pai e o Filho e o Espírito Santo.

3. A oração do “Anjo do Senhor” (Ângelus) ao meio-dia é o terceiro hábito que proponho. No tempo da páscoa diz-se o “Alegrai-vos” (Regina Coeli). Você poderá encontrá-las em qualquer desses livrinhos “orações do cristão”. Essa é uma prática que vai lhe ajudar a ser amigo de Nossa Senhora, além do mais ao ser um hábito feito ao meio-dia vai ser também uma espécie de “despertador” de que você deve estar sempre na presença de Deus e de Nossa Senhora.

4. Quarto hábito: o “terço” ou uma parte do Rosário. Diariamente? Sim, diariamente. “Mas é muito monótono”, é você quem me diz. Compreendo que assim lhe pareça, mas eu lhe digo que quando for feito com amor você já não pensará o mesmo. Acaso, se cansam de dizer sempre as mesmas coisas duas pessoas que se amam? “Eu te amo”, são sempre as mesmas palavras que se dizem sem se cansar. É monótono? Só se o verdadeiro amor lhe parecer monótono.

5. O quinto hábito é a “leitura espiritual”. A essa prática podemos dedicar mais 15 minutinhos. Cinco deles serão dedicados à leitura metódica do Novo Testamento, os outros dez serão à leitura de algum livro espiritual, indicado pelo seu diretor espiritual ou pelo seu pároco ou por alguém que tenha bom conhecimento e tenha firmeza na própria fé. É importante que seja indicado por alguém que tenha o mesmo interesse que você: ser santo. Assim você vai ler muitas vezes a vida de Cristo, vai aprender muito sobre a vida da Igreja, sobre a vida espiritual, sobre a vida dos santos, vai ter sempre boa doutrina para depois fazer uma excelente semeadura da Palavra de Deus.

6. O hábito mais importante de todos é esse: Santa Missa e Comunhão. Para comungar, se entende, é preciso estar em graça de Deus. É fácil, basta confessar-se. É preciso que você faça da Santa Missa e da Santa Comunhão o centro da sua vida espiritual. Tenha verdadeiro desejo de estar com o Senhor na Eucaristia. Muitas vezes esse desejo cresce tanto que parece que já não basta simplesmente participar das Missas aos domingos e dias santos, obrigação de todo católico, mas de participar até diariamente. Esse desejo lhe impulsionará a fazer visitas ao Santíssimo Sacramento, a saudar o Senhor cada vez que se passe diante de uma Igreja, a pensar muitas vezes naquele que virá ao seu coração na santa Comunhão.

7. Sétimo hábito: um pequeno exame de consciência todas as noites antes de dormir. Poderia, no começo, reduzir-se a três perguntas: O que eu fiz de bom no dia de hoje? (Obrigado, Senhor!) O que eu fiz de mal? (Perdão, Senhor!) O que eu posso fazer melhor? (Ajuda-me, Senhor!). Termine com um ato de contrição: “Senhor Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim, que sou um pecador.”

É complicado? Seja sincero, se usar um pouco do tempo que você gasta diante da televisão, um pouco daquele outro que usa em conversas fiadas, mais um pouco daquele outro que gasta inutilmente diante do computador, outro da posição horizontal no sofá, outro pouco daqueles cafés intermináveis, você terá tempo para cumprir direitinho esse pequeno plano de vida. Para ser santo é preciso muita força de vontade e, principalmente, muita graça de Deus. Avante, comece, e você verá que a coisa funciona mesmo: você se encontrará mais paciente, mais amável, estará mais dedicado ao seu trabalho santificando-o, mais dedicado à sua família, as pessoas se aproximarão mais de você ao vê-lo mais sereno e mais serviçal. Essas são as principais penitências que você tem que fazer: trabalhar com dedicação, dedicar-se à sua família, agüentar aquelas pessoas de mau gênio com paciência, sorrir quando não se tem muita vontade de fazê-lo, servir bastante os demais. A essas acrescente alguma outra penitência todas as sextas-feiras do ano, por exemplo: não merendar ou não comer carne ou… ah, escolha você!

Bom, temos que terminar esse nosso diálogo. “Diálogo, se eu não falei quase nada!” Não se preocupe, nos entendemos perfeitamente: você e eu seremos santos para resolver os problemas da humanidade. “O quê? Agora você foi longe, você quer resolver os problemas da humanidade?” Meu caro (“minha cara?!”), convença-se daquelas palavras que um santo disse certa vez: “essas crises mundiais são crises de santos”. Tenhamos uma quantas pessoas santas em todos as cidades, em todos os ambientes profissionais, uns quantos lares santos, uns quantos namoros santos etc. A sociedade se verá outra! Deus e audácia!

Pe. Françoá Costa

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