Carta aos prefeitos e vereadores dos municípios da Diocese de Anápolis, sobre os perigos da ideologia de gênero, que está sendo proposta no projeto dos Planos Estaduais e Municipais de Educação.
Senhores Prefeitos, Senhores(as) Vereadores(as)
dos Municípios que compõem a Diocese de Anápolis.
Desejo-lhes a Paz de Cristo!
Através desta, quero respeitosamente alertar os Senhores sobre um grande mal que paira sobre a educação de nossas crianças e jovens e que pode transformar a nossa Nação em um país promotor da IDEOLOGIA DE GÊNERO.
A ideologia de gênero, apesar de ser uma invenção dos últimos 20 anos (o conceito foi criado por sociólogos reunidos em uma conferência da ONU na cidade de Pequim, em 1995) solidificou-se na cultura global de tal maneira que afeta a compreensão da família, repercute na esfera política e legislativa, no ensino, na comunicação social e na própria linguagem corrente.
Segundo esta ideologia, os papéis entre homens e mulheres dentro do contexto do matrimônio e da família seriam substituídos por relações sexuais física e psicologicamente versáteis e que não obedecem uma ordem da natureza e dignidade que lhes é própria. A família como lugar autêntico onde se transmitem as formas fundamentais de ser pessoa humana, dentro da ideologia de gênero passa a não ter um formato pré-estabelecido pela natureza, pois a construção do gênero despreza as diferenças dos sexos e as bases, tanto biológicas quanto psicológicas, da complementariedade entre o homem e a mulher, tornando a pessoa capaz de arbitrariamente construir-se e definir-se como lhe agradar, refletindo um subjetivismo relativista levado ao extremo e negando o significado da realidade objetiva.
A igualdade entre homem e mulher é um dos maiores direitos da pessoa humana. Na ideologia de gênero, porém, não se trata de igualdade de diretos, mas do próprio nivelamento de qualquer diferença, inclusive a diferença biológica entre homem e mulher.
O que mais nos preocupa no momento e que nos faz ir até os Senhores é a tentativa de infiltrar a ideologia de gênero nos Planos Nacionais e Municipais de Educação. Neste exato momento todas as cidades do País estão elaborando seus Planos e esta ideologia está sendo sorrateiramente agregada aos mesmos. Os Planos deverão ser aprovados até meados deste ano, sem que as pessoas (pais principalmente) realmente saibam o que é “gênero” e suas consequências (confusão nas crianças, uso comum dos banheiros, promiscuidade, gravidez na adolescência, perda da autoridade paterna sobre a educação sexual dos filhos, impedimento do ensino da moral cristã mesmo nas escolas confessionais, etc.).
É urgente que todas as esferas da sociedade se manifestem, dentro da ordem e segundo as leis, contra qualquer referência à ideologia de GÊNERO nos documentos que dão as diretrizes dos planos estaduais e municipais de educação. Graças a mobilização da sociedade frente aos líderes políticos, conseguiu-se uma vitória com a retirada do termo “gênero” do Plano Nacional de Educação (PLC 103/2012) em 2013. Apesar disso, foi introduzido, pelo Ministério da Educação, o termo “gênero” nos Planos Municipais e Estaduais.
Os Senhores são representantes do povo, de uma sociedade que tem sua dignidade e possui valores sólidos quanto à vida, à família e à educação das crianças e da juventude. Peço o vosso compromisso de salvar nossa sociedade desta nefasta ideologia, não aprovando a referência à ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação, como prevê o Plano Nacional de Educação.
Esclareço que não é o assunto ou questão de âmbito religioso. Trata-se de valores que atingem toda a sociedade, religiosa e civil.
Que Deus-Amor, Autor da vida e da família, derrame suas bênçãos sobre os Senhores, suas famílias e seu trabalho.
Respeitosamente,
+ João Wilk, bispo de Anápolis – GO