Diocese de Anápolis

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Frei Túlio de Freitas comenta a liturgia deste domingo, “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14).

Frei Túlio de Freitas

É próprio do Verbo Eterno do Pai comunicar-se, revelar-se, vir ao encontro da humanidade faminta e sedenta de Deus. O Eterno, pela Palavra, entra na nossa história. No hoje de nossa vida, pelo Evangelho, Nosso Senhor Jesus Cristo, se dá a conhecer como o Pão da Vida. “Eu sou o Pão da Vida” (Jo 6, 48). Impressiona-nos refletir: Como pode o Verbo Eterno, a própria eternidade, conter-se no pedaço de pão consagrado? Aquele mesmo que os céus não podiam conter, mas que a Virgem Puríssima “recolheu no pequeno claustro do seu santo seio e carregou no seu regaço de menina”, conforme recorda Santa Clara a uma de suas irmãs. Aquele mesmo que se esconde sob a modesta forma de pão e preenche humildemente o pobre cálice, cotidianamente, sem cessar, sobre o altar, nos quatro cantos do mundo.

Encontramo-nos diante do mistério da fé. Mistério que, por bondade de Deus, não é fechado em si, mas que se entrega totalmente a nós. Jesus nos ensina que o caminho para o reconhecer é a fé. A fé é a chave divina que abre o coração humano ao mistério de amor do Pai, oferecido a nós na Manjedoura, o Menino de Belém, na Cruz, a Carne Ferida do Crucificado Jesus, e no Altar, o Pão do Céu.

É singular a pedagogia tomada pelo Senhor ao emparelhar os verbos crer e comer, dando-lhes o mesmo sentido: quem crer e comer tem a Vida Eterna, que é Jesus. E afirma ainda mais, “ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair”. Ir a Jesus é mais que conhecê-lo como filho de Maria e José, é confessá-lo como Filho de Deus, feito homem. Só pode confessá-lo – ir a Ele, quem “escuta o ensinamento do Pai e dele aprende”. Daí Santo Agostinho reconhecer que não “corremos para Cristo caminhando, mas acreditando”. Comunga-se da Vida Divina ouvindo sua Palavra, crendo n’Ele e comendo deste Pão descido do céu.

Os olhos sem a fé, são cegos, os ouvidos, surdos e o coração, endurecido. A fé são os olhos do espírito. A fé é a fome de Deus. A fé é ser atraído (a) pelo Pai. Não bastasse o Senhor nos amar de um amor sem medidas ao dar a sua Carne em alimento, ainda nos dá a fome d’Ele para nos atrair e nos unir a Ele numa só carne.

Este “não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos?” (Jo 6, 42). Murmuram os judeus contra Jesus no Evangelho, e com eles nós também, quando de modo desrespeitoso e ingrato não reconhecemos na Ssma. Eucaristia a sua tão sublime dignidade, enquanto presença real de Cristo, Aquele que desce dos céus. Assim acabamos por não lhe dar o devido lugar em nossa vida, ferindo de novo o Coração de Jesus. Será que realmente somos conscientes que ao comungar do Corpo do Senhor, e até mesmo estar diante do Santíssimo Sacramento, estamos face a face com a própria Eternidade? Será que nos damos conta de que carregamos no peito um pedaço do céu?

Dá-nos, ó Jesus, que esta Santa Missa abra os nossos olhos, como fizestes aos peregrinos de Emaús, para vos reconhecermos verdadeiramente, e assim compreendermos que em Vós o Verbo amar jamais se cala, o Sangue jamais cessa de jorrar e o Pão de alimentar nossa fraqueza com Vida Eterna. Faça de nossa vida a sua patena e de nosso testemunho o seu cálice para o altar do mundo faminto de Vós.

Fr. Túlio de Oliveira Freitas, OFM
Paróquia Sant’Ana
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