Diocese de Anápolis

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Dom João Wilk comenta a Solenidade da Imaculada Conceição

Como a aurora precede o nascer do sol, a Conceição Imaculada de Maria precede a vinda de Jesus, principio da nossa salvação, o nascimento do Grande Sol. Como compreender a Imaculada Conceição? Para o povo não teve problema: celebrava esta verdade já no século XI, uma devoção que espontaneamente brotava do coração devoto. Para os teólogos surgiu o dilema como conciliar a piedade popular com o embasamento teológico.

São Paulo, na Carta aos Coríntios (1 Cor 15, 21-22) escreve: “Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem assim em Cristo todos serão vivificados”. Todos! E este “todos” foi a dificuldade. Se todos, também Maria, como criatura humana, foi atingida pela mancha do pecado original.

Os teólogos franciscanos tiveram uma ideia. Para salvar a humanidade, Deus escolheu o caminho da cruz. Mas, Deus é onipotente, pode salvar de diversas maneiras. Convinha que aquela que seria Mãe do Redentor não fosse atingida pelo pecado original, chamada depois pelo Arcanjo Gabriel a “cheia de graça”. Então, Deus tem poder de preservar do pecado original, impedindo que a mancha do pecado atingisse a futura Mãe do Redentor. Maria foi redimida preventivamente: antes que o pecado original atingisse a alma de Maria, com antecipação dos méritos salvíficos de Cristo na cruz, Deus a salvou. Isto é a Conceição Imaculada, sem mancha do pecado original.

A Igreja insere no tempo do Advento a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Maria é o início do Advento, de longa espera para a vinda do Salvador. A Conceição Imaculada marcou o início da História da Salvação, anunciou que Deus garante o que promete.

O título da Imaculada Conceição de Maria esperou séculos para ser proclamado pela Igreja como dogma, verdade da fé. Foi o Papa Pio IX, em 1854, que definiu este dogma. Maria é a principal figura do Advento, entre os profetas e São João Batista.

Nos tempos atuais, o grande apóstolo da Imaculada foi São Frei Maximiliano Maria Kolbe, Franciscano Conventual. Ele viu em Maria Imaculada o grande poder evangelizador. Seu lema foi: “Conquistar o mundo inteiro para Cristo pela Imaculada”.

Diante dos movimentos contrários a Deus e à Igreja, lembrou as palavras do livro de Gênesis pronunciadas por Deus à serpente infernal: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15). Sob signo da Imaculada iniciou um grande movimento “Milícia da Imaculada”. Na base do movimento colocou três pilares:

1) consagração à Imaculada no espírito de São Luiz Maria Grignon, tendo como distintivo a medalha milagrosa que o próprio Jesus revelou à Sta. Catarina Labouré;

2) divulgação do culto da Virgem Imaculada;

3) o apostolado com os meio de comunicação modernos.

Eu, pessoalmente, sou devoto de Maria Imaculada. Fui consagrado no Seminário Menor de Niepokalanów, “Cidade da Imaculada”, fundada pelo São Maximiliano com essas finalidades. Logo no início fomos consagrados e recebemos a medalha milagrosa. Uso-a até hoje e ela me lembra a bondade e o poder de intercessão da Mãe de Jesus.

A Imaculada é um título dos mais bonitos que se atribui a Maria. Tem tantos títulos que a piedade popular atribui a Nossa Senhora. Todos esses títulos expressam alguma experiência da intervenção de Maria na vida do povo. O título “Imaculada” expressa o próprio ser daquela que foi escolhida para ser Mãe do nosso Redentor. A excelsa colaboradora na obra da nossa salvação.

 

Dom João Wilk, OFMConv.
     Bispo de Anápolis
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