Irmãos,
Terminou, faz pouco, a esperada e há muito tempo preparada a V Conferência dos Bispos da América Latina e do Caribe. Concluída a Conferência, recebemos a breve, mas substancial mensagem. Agora já está aprovado pelo Papa Bento XVI o documento final. O Cardeal Bertone, Secretário do Estado do Vaticano e principal colaborador do Papa disse que o documento é “muito bom”. Resta esperar a edição oficial, ler, conhecer e assumir.
“Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que Nele nossos povos tenham vida” – este foi o tema das reflexões, orientadas pela visita e pelo pronunciamento do Santo Padre.
Ser “discípulo” e ser “missionário” são duas dimensões de cada seguidor de Jesus. O encontro com Jesus sempre inicia com o convite “vem” e se concretiza com a ordem “ide”.
O discipulado, cujo modelo temos nos apóstolos e na própria Mãe de Jesus Maria Santíssima, consiste em “estar na escola de Jesus”. O discípulo é mais que aluno. O aluno aprende e fica distante, sem relação de proximidade. O discípulo cria vínculo existencial com o mestre: está na escola do mestre, escuta e aprende o que o mestre ensina, aprende a fazer como o mestre ensina e faz.
O discípulo não fica preso ao mestre a vida toda. O mestre fica nele, pelo jeito de ser e de fazer, enquanto o discípulo parte para exercer o que aprendeu. Esta será a sua vida.
No caso dos discípulos de Jesus não é diferente.
A escola de Jesus Mestre, hoje, são os espaços de experiência da fé: vida de oração, cultivo da espiritualidade, convívio com as pessoas convertidas. De modo especial a própria comunidade eclesial. Mas, é muito importante a experiência pessoal com Jesus Mestre. No nosso caso, a escola de Jesus é a nossa própria vocação, iniciada no propedêutico, cultivada no seminário, realizada na vida sacerdotal, no amor e na fidelidade.
O discipulado não é o fim em si mesmo. Está em função da missão: “Ide”.
A mensagem conclusiva da Conferência de Aparecida nos transmite o grande desejo e apelo da Igreja na América Latina: “No vigor do Espírito Santo, convocamos todos os nossos irmãos e irmãs para que, unidos, com entusiasmo, realizemos a Grande Missão Continental. Será um novo Pentecostes que nos impulsione a ir, de modo especial, em busca dos católicos afastados e dos que pouco ou nada conhecem Jesus Cristo… Missão que deve chegar a todos, ser permanente e profunda”.
Estar na escola de Jesus na América Latina é fazer um diálogo sério e atento entre a fé e a realidade deste continente. É identificar-se com a Igreja que está aqui. Identificar-se e assumir suas condições, suas preocupações, seus planos e desejos. A encarnação do Filho de Deus nos ensina que o lugar da nossa salvação e da nossa missão é onde fomos chamados a realizar o nosso discipulado. É a resposta que Jesus espera de nós Igreja neste momento!
Dom João Wilk, OFMConv.
24/07/2007